Resumo regional da saúde e dos procedimentos cirúrgicos na América Latina: México e Brasil

Temos quatro exemplos de países latino-americanos que impulsionam o mercado de saúde da região: Chile, Colômbia, México e Brasil.

Em uma edição anterior, analisamos os casos do Chile e da Colômbia e, nesta edição, continuamos com uma análise atualizada do México e do Brasil.

México: uma economia em franca recuperação aberta ao mundo

Dados da Organização Mundial da Saúde mostram um aumento progressivo nos gastos públicos com saúde no país, passando de 42,2% em 2005 para 52,6% em 2020. Outro índice que mostra o crescimento lento, porém contínuo, do setor é o de gasto per capita, que mais que dobrou em quinze anos: de USD 486 em 2005 para USD 539 em 2020 – uma cifra baixa quando comparada com os mais de USD 1.200 que o Chile investe em cada cidadão. Cabe ressaltar, porém, que os gastos diretos dos bolsos dos mexicanos caíram de 54,6% para 38,8%, o que se explica pelas metas públicas de cobertura de saúde estatal.

De acordo com o Banco Mundial, o país asteca, com quase 130 milhões de habitantes, é uma das quinze maiores economias do mundo e a segunda da América Latina. Sua riqueza cultural incomparável, geografia privilegiada e suas sólidas instituições macroeconômicas fazem do México um grande mercado para o comércio internacional.

A economia mexicana cresceu 4,8% em 2021, após ter sofrido uma queda de 8,1% no ano anterior em decorrência da pandemia de Covid-19. Ainda que lentamente, a economia vem se recuperando e, segundo previsões do Banco Mundial, deverá crescer 1,8% neste ano e 1,5% em 2023.

O governo do presidente Andrés Manuel López Obrador (AMLO) já anunciou que projeta um salto significativo nos gastos públicos em 2023.

No campo sanitário, o governo vem executando uma política ambiciosa de transformação do sistema de saúde, com o objetivo de emular o tipo de sistema de cobertura pública adotado na Dinamarca. Embora os opositores de seu partido considerem este plano muito pouco viável, o fato é que já foi implementada uma série de mudanças para melhorar a estrutura e a capacidade das instituições de saúde no país, envolvendo investimentos em equipamentos, consultorias, tecnologias e formação profissional, a cargo da administração pública.

O Sistema de Informação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (SIODS) (da República; INEGI, 2018), coordenado pela Presidência da República e pelo Instituto Nacional de Estatística e Geografia (INEGI), acompanha a implementação da agenda 2030, disponibilizando informações sobre a evolução dos indicadores e metas de cada ODS. No entanto, as informações por indicador estão desatualizadas e a maioria dos indicadores de saúde só apresenta informações até 2018, como alerta o estudo “Gastos com saúde e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável”:

“O orçamento da saúde mantém a lacuna histórica de mais de três pontos do PIB (a OMS recomenda que os países destinem 6% do PIB para gastos com saúde, enquanto o México destina habitualmente apenas 3%). Durante a pandemia de Covid-19, os gastos com saúde registraram um aumento de 3,4% em relação ao valor gasto em 2019, mas ainda representaram um décimo do que teria sido necessário para responder à pandemia. Apesar da proposta de um aumento histórico, de 14,6%, em 2022, o fato é que essa cifra ainda corresponde a 2,93% do PIB”.

Ainda há muito a ser feito no México e há muitas oportunidades previstas para quem souber enxergar os nichos de mercado, principalmente o de produtos farmacêuticos, mas também o de cirurgias, procedimentos cirúrgicos e prestação desses serviços à população do país. Isso faz com que as cirurgias sejam um setor de oportunidade para os provedores de serviços de saúde. As cirurgias desagregadas por prática podem ser consultadas na base de dados SurgiScope, que revela o número de procedimentos realizados nos anos de 2019, 2020 e 2021.

Como se pode deduzir de um levantamento realizado pelo SurgiScope da GHI, nos anos de 2019, 2020 e 2021, não parece haver uma cobertura completa da ampla variedade de patologias tratáveis cirurgicamente até o momento, com o maior número de práticas cirúrgicas concentradas no campo da saúde da mulher: os procedimentos obstétricos ocupam a primeira posição, enquanto as operações nos órgãos genitais ficam em segundo lugar e as operações no aparelho digestivo aparecem na terceira colocação.

Por fim, cabe ressaltar que o México é um país que tem uma infraestrutura hospitalar bastante avançada. De acordo com os dados do HospiScope, possui mais de 170.455 leitos hospitalares e 7.257 salas de cirurgia, incluindo as que foram adicionadas após a realização da pesquisa; possui também 3.620 salas de parto e uma proporção ainda baixa de 2 médicos por 1.000 habitantes.

Em resumo:

3 principais pontos sobre o mercado mexicano

  • País com 130 milhões de habitantes e uma economia aberta ao mundo
  • Ambiciosa reforma da saúde conduzida pelo Estado
  • Flexibilidade para ampliar os investimentos em saúde dependendo da conjuntura.

Brasil: crescimento constante no setor da saúde

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde, o país praticamente duplicou seu gasto per capita em saúde, passando de USD 384 em 2005 para USD 701 em 2020. Outro índice que mostra o crescimento lento, porém contínuo, do setor é o de gasto nacional em saúde do governo geral (GGHE-D) como percentual do gasto do governo geral (GGE), que passou de 41,6 em 2005 para 44,8 em 2020, mostrando que não se concretizaram os temores relacionados ao suposto corte de gastos com saúde atribuído ao governo de Jair Bolsonaro.

De fato, 2023 promete ser um ano muito positivo para a saúde dos brasileiros, pois há vários fatores que ajudarão o setor a recuperar o dinamismo observado até 2020.  No último ano, com a pandemia controlada, o mercado brasileiro não só recuperou os mesmos volumes de atendimento anteriores à Covid-19, como passou também a apresentar uma tendência de crescimento contínuo, que deverá continuar com a mudança de governo.

Outra área que aponta para um maior dinamismo este ano é o mercado de produtos médico-hospitalares, que cresceu quase 25% nos três primeiros trimestres do ano passado. Além disso, o consumo de produtos de saúde apresentou aumento de quase 5% nos primeiros nove meses do ano.

O sistema de saúde brasileiro é composto por um setor público, denominado Sistema Único de Saúde, ou SUS, que oferece atendimento gratuito a 75% da população por meio de serviços próprios e da contratação de serviços privados, e por um setor privado que vem crescendo cada vez mais e oferece assistência médica aos 25% restantes dos brasileiros.

Com um gasto anual de 54 bilhões de dólares, o SUS é um sistema público, universal e gratuito, financiado por meio da arrecadação de impostos, que oferece serviços de saúde a mais de 190 milhões dos 214.326.223 de habitantes do Brasil.

Segundo levantamento realizado pelo HospiRank, o Brasil apresenta a maior taxa de salas cirúrgicas por hospital da América Latina: 4,3 salas de cirurgia por hospital, enquanto a média nos outros países mais bem equipados da região é de 1,4.

Segundo a revista britânica The Economist, as perspectivas econômicas para o Brasil e a América Latina em 2023 são favoráveis, com a ressalva de que a política interna conspirará contra o crescimento econômico em razão de uma política monetária restritiva e da necessidade de consolidação fiscal. Uma das grandes questões em aberto é como os novos governos da região equilibrarão as demandas dos eleitores que os levaram ao poder com os graves dilemas macroeconômicos que enfrentarão, com legislaturas divididas. “A crise regional dos últimos três anos alimentou a demanda por ‘um grande Estado que gaste e regule mais’ e favoreceu candidatos de centro-esquerda, como Gabriel Boric no Chile, Gustavo Petro na Colômbia e Lula no Brasil, que agora precisam mostrar resultados não só no combate ao crime e à corrupção, mas também na economia”, afirma a publicação.

Nesse contexto, o mercado de saúde brasileiro continua sendo um dos mais atrativos da região. O mercado de saúde do Brasil vem ganhando cada vez mais protagonismo, seja pelo seu tamanho ou pelas inovações que propõe. Nos últimos dois anos, o setor de saúde liderou o ranking de fusões e aquisições. Além disso, cabe destacar que a maior parte de todas as compras das empresas no mundo se concentra nesse setor. Startups e grandes empresas estão cientes das tendências e abrem mão de muitas perspectivas tradicionais de mercado, agregando valor de mercado não apenas a suas soluções, mas ao setor como um todo.

Com uma alta participação do governo e grandes investimentos privados, esse setor movimenta grandes quantias de dinheiro. Para se ter uma ideia, dados da pesquisa IPC Maps, especializada no potencial de consumo dos brasileiros, mostraram que o faturamento do setor de saúde brasileiro girou em torno de R$ 315 bilhões em 2021 (mais de 60 bilhões de dólares). Essa é uma oportunidade que pode ser aproveitada.

Em resumo:

3 principais pontos sobre o mercado brasileiro

  • País com mais de 215 milhões de habitantes e com um novo governo que tende a ampliar a cobertura estatal em seu sistema único de saúde
  • Grande dinamismo em startups, tecnologias e equipamentos hospitalares
  • O maior mercado da região.

Próximos passos

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