Os procedimentos cirúrgicos mais populares no México

Assim como outros países, o México conta com vários programas de saúde pública destinados a atender às necessidades médicas da população. A saúde pública no México, voltada para os setores mais vulneráveis, se concentra predominantemente no desenvolvimento de políticas de prevenção, acesso e detecção precoce, bem como no tratamento de doenças degenerativas infecciosas ou crônicas. Como também acontece em outros países, porém, as cirurgias não são priorizadas como serviços médicos vitais e foram impactadas pelas medidas tomadas em 2020 para controlar as infecções por Covid-19 no início da pandemia.

Situação atual do setor hospitalar do México

O setor hospitalar mexicano se destaca no HospiRank 2022, ranking elaborado anualmente pela Global Health Intelligence (GHI) que classifica os hospitais mais bem equipados da América Latina. O Hospital Geral do México aparece como o mais bem equipado, com 1.110 leitos e 50 centros cirúrgicos. “O interessante para o setor privado é que existem algumas instituições, como Médica Sur, ABC, Ángeles e Muguerza, que, além de serem bem equipadas e especializadas, também oferecem pronto atendimento, o que constitui um dos maiores problemas do setor público, em que há muita demanda mas longos tempo de espera”, explica Mariana Romero, diretora de serviços de inteligência da GHI.

O relatório mostra ainda que o México registra uma média de 2,2 centros cirúrgicos por hospital, uma das taxas mais altas na América Latina. O país fica atrás apenas do Brasil (4,4), superando a Colômbia (1,2), a Argentina (1,3), a América Central (1,4), o Chile (1,4), o Peru (1,4) e o restante da América Latina (1,4).

Um dos hospitais especializados em procedimentos cirúrgicos que merece destaque é o Hospital Juárez do México, que, com 175 anos de existência, é considerado o berço da cirurgia mexicana e um dos mais bem equipados do país. Essa emblemática instituição do setor cirúrgico é pioneira em algumas inovações terapêuticas, afirma o Dr. Gustavo Esteban Lugo Zamudio, diretor-geral do Hospital Juárez do México, que concedeu entrevista ao HospiRank. O hospital, que oferece 54 especialidades nos três níveis de atendimento, renova continuamente seus equipamentos para se manter a par com as últimas tendências tecnológicas. “Temos reforçado nosso desempenho no terceiro nível de atendimento e voltamos a realizar transplantes de rim e córnea e acreditamos que, em 2023, faremos transplantes de fígado e transplantes de medula óssea. Estamos renovando parte dos equipamentos para tornar esse objetivo possível”, disse o diretor em relação aos planos de compra da instituição.

O hospital desenvolve ainda tecnologias cirúrgicas: “Existem outros programas relevantes. Poucas instituições oferecem atualmente o programa de prótese, principalmente quando há perda de um segmento do membro inferior. No momento, já concluímos a primeira etapa e fechamos acordos com desenvolvedores mexicanos desse tipo de tecnologia. Esses acordos estipulam que a tecnologia será desenvolvida no Hospital Juárez do México, para que o hospital detenha a patente e os custos sejam reduzidos”, informou.

Hospital Juarez Mexico

Além do hospital mencionado, pode-se dizer que o México oferece uma infraestrutura hospitalar de alto nível. São mais de um 1,2 milhão de leitos hospitalares (1.224.837) e quase 60 mil centros cirúrgicos, considerando-se os que foram adicionados após o levantamento realizado (que quantificou 58.699 centros cirúrgicos). O país dispõe ainda de 14.714 salas de parto e uma proporção, ainda baixa, de 2 médicos para cada mil habitantes.

O sistema de saúde mexicano

O México é o segundo maior país da região, ficando atrás apenas do Brasil, e conta com mais de 3.000 hospitais. O sistema de saúde mexicano tem uma característica singular em relação aos demais da região: o sistema privado funciona paralelamente a um sistema público composto por mais de 10 estruturas independentes e isoladas.

Como alerta Guillaume Corpart, CEO da GHI, entender o sistema de saúde mexicano é uma tarefa desafiadora devido à falta de comunicação entre as suas unidades. “O sistema privado não é obrigado a relatar seus procedimentos ou usar um esquema de codificação consistente, tornando-se um buraco negro que deixa muitas perguntas sem resposta”, explica Corpart. A ausência de padronização das informações clínicas também constitui um obstáculo. “O sistema público possui estruturas independentes que operam de maneira autônoma. Além disso, embora sejam obrigadas a monitorar o número de procedimentos realizados, elas não usam códigos padronizados e, em muitos casos, o código apropriado também não é usado. Alguns órgãos usam a classificação internacional CID-9, enquanto outros utilizam a CID-10, e há ainda aqueles que utilizam códigos internos ou próprios. Essa inconsistência aumenta muito a complexidade do gerenciamento de dados. E esse mesmo problema praticamente impossibilita a tomada de decisões sobre iniciativas como a ampliação do acesso à saúde, já que é muito difícil obter uma visão completa do sistema e dos procedimentos realizados”, acrescenta o especialista.

Por outro lado, o sistema está em processo de evolução. O atual governo mexicano está implementando uma ambiciosa política que promete transformar o sistema de saúde. O objetivo é emular o tipo de sistema de cobertura para a população oferecido pela Dinamarca. Embora os opositores políticos não acreditem na viabilidade desse plano, o fato é que o governo federal já introduziu uma série de mudanças no sentido de fortalecer a capacidade de atendimento das instituições de saúde mexicanas, o que envolve investimentos em equipamentos, consultoria, tecnologias e programas de capacitação.

Em 22 de dezembro último, o presidente mexicano Andrés Manuel López Obrador garantiu que até 2023 o México terá um dos melhores sistemas de saúde do mundo. “Para isso, o governo vem trabalhando para equipar os postos de saúde, unidades médicas e hospitais do país e garantir que não faltem médicos em nenhum deles”, declarou em uma coletiva de imprensa no estado de Quintana Roo.

O secretário de Saúde, Jorge Alcocer Varela, disse que o novo sistema de saúde promovido pelo governo busca oferecer cobertura e acesso universais e gratuitos mesmo nas partes mais remotas do país. “Criaremos um sistema de saúde fundamentado nos valores humanistas e no princípio inalienável da justiça social”, ressaltou. Varela descreveu ainda o plano de transformação do sistema de saúde mexicano, destacando que o objetivo fundamental é tornar realidade o artigo 4 da Constituição, o que significa que quase 70 milhões de mexicanos que atualmente não têm seguridade social terão acesso a assistência médica.

Como se pode deduzir do levantamento realizado pela ferramenta Surgiu Scope da GHI, nos anos de 2019, 2020 e 2021 parece não ter havido uma cobertura completa de uma ampla gama de patologias tratáveis cirurgicamente, e as práticas cirúrgicas concentraram-se predominantemente no campo da saúde da mulher: os procedimentos obstétricos ocuparam o primeiro lugar, as cirurgias nos órgãos genitais femininos ficaram em segundo e as operações no aparelho digestivo aparecem na terceira colocação.

De acordo com o SurgiScope, os procedimentos cirúrgicos mais realizados (organizados por área, sem detalhar cada tipo de procedimento específico) são os seguintes:

  1. Procedimentos obstétricos
  2. Cirurgias dos órgãos genitais femininos
  3. Cirurgias do sistema digestivo
  4. Cirurgias do sistema musculoesquelético
  5. Cirurgias do sistema tegumentar
  6. Cirurgias oftálmicas
  7. Cirurgias dos órgãos genitais masculinos
  8. Cirurgias do sistema urinário
  9. Cirurgias do sistema nervoso
  10. Cirurgias do sistema cardiovascular
  11. Cirurgias otorrinolaringológicas
  12. Cirurgias do sistema respiratório
  13. Cirurgias do sistema endócrino
  14. Cirurgias do sistema hemático e linfático
  15. Procedimentos e intervenções não classificados em outra parte
  16. Cirurgias auriculares
  17. Procedimentos diagnósticos e terapêuticos diversos

procedimentos cirúrgicos mais realizados

A primeira conclusão de Guillaume Corpart deriva do que pode ser observado a partir dos dados do SurgiScope. “A maioria das intervenções tem como foco a saúde da mulher, deixando de lado outros procedimentos mais complexos. No caso do México, percebemos que os procedimentos se concentram principalmente no tratamento de casos relativamente básicos, o que é um reflexo do sistema de saúde e da forma como ele opera”, ressalta. E acrescenta: “Há uma oportunidade de aumentar o nível de cuidados e procedimentos por meio da educação médica e do acesso da população à saúde”.

Olhando para o futuro, pode-se notar que há muito a ser feito no México em termos de cirurgias, procedimentos cirúrgicos e da prestação desses serviços à população do país. Isso faz com que as cirurgias sejam um setor de oportunidade para os prestadores de serviços de saúde. Os procedimentos cirúrgicos discriminados por prática podem ser consultados na base de dados SurgiScope, que revela o número de procedimentos realizados nos anos de 2019, 2020 e 2021.

 

O que os dados nos dizem

Embora o sistema público de saúde mexicano não disponha de um sistema de informações robusto para mensurar o cenário da assistência cirúrgica, as pesquisas realizadas pelo SurgiScope fornecem excelentes informações quantitativas, permitindo detectar nichos de mercado que poderiam se beneficiar dos produtos e serviços de saúde de que o setor cirúrgico mexicano precisa para se desenvolver e crescer nos próximos anos.

Outros insumos importantes para entender a situação cirúrgica no país asteca são os indicadores propostos pela Comissão Lancet de Cirurgia Global.[1]

No caso mexicano, esses indicadores mostram que a proporção do contingente de especialistas cirúrgicos é de 40,2 por 100 mil habitantes, o dobro da meta sugerida por essa comissão e um pouco acima da média dos países de alta renda. Isso mostra que o México tem um número suficiente de cirurgiões, possivelmente esperando ansiosamente para serem capacitados nas tecnologias e dispositivos mais recentes do mundo a fim de melhorar significativamente o atendimento aos pacientes e, assim, alcançar seu objetivo maior: salvar vidas.

Mais dados sobre cirurgias no México

Aumento das cirurgias estéticas

O México é líder regional no campo da cirurgia plástica, a ponto de ser considerado um destino de “turismo médico”. De acordo com o presidente da Associação de Profissionais com Mestrado em Cirurgia Estética do México, Mauricio Casillas, o país tem a quinta maior demanda por cirurgias estéticas do mundo. No território mexicano, há uma demanda de 923.000 cirurgias estéticas por ano, o que se traduz em uma média de mais de 2.500 intervenções desse tipo por dia.

Em entrevista à agência de notícias EFE, Mauricio Casillas adiantou que em cinco ou seis anos o mercado de cirurgia plástica será cerca de dez vezes maior. Os três tipos de cirurgia estética mais realizados no país são rinoplastia, aumento mamário e lipoaspiração.

A proporção de cirurgias estéticas na população mexicana é de 60% em mulheres e 40% em homens. Em outras palavras, de cada dez cirurgias estéticas realizadas no México, quatro pacientes são homens. O que explica o crescimento do mercado de cirurgias? São dois os motivos principais: os baixos custos em comparação com os epicentros dessa especialidade (Estados Unidos e Europa) e a qualidade dos serviços prestados nas clínicas mexicanas.

Equipamentos

  • Dentro dos sistemas de saúde, os recursos físicos e materiais são componentes necessários para o atendimento hospitalar adequado dos pacientes que solicitam serviços.
  • Em 2021, nas unidades de saúde privadas, foram registrados 1.007 laboratórios de análises clínicas distribuídos entre hospitais gerais e especializados.
  • Os dados atualizados do HospiRank 2022 revelam que o México possui 3.655 hospitais, 154.045 leitos hospitalares e 6.819 centros cirúrgicos.
  • Dos hospitais analisados no HospiRank, 63% são privados e 37% públicos. Os do primeiro setor possuem aproximadamente 95 leitos por hospital, enquanto os privados possuem 16 leitos por unidade.

Áreas com o maior crescimento em procedimentos cirúrgicos

As áreas em que o México registrou o maior crescimento nos últimos anos são as seguintes:

  • Cirurgia básica: Máquinas de esterilização de alta e baixa temperatura, mesas cirúrgicas.
  • Cirurgia avançada: Laboratórios de cateterismo, torres de endoscopia, equipamentos de cirurgia laparoscópica.
  • Assistência ao paciente: Sistemas de monitoramento de pacientes.
  • Diagnóstico: Ecocardiógrafos.
  • Diagnóstico por imagem avançado: Sistemas de fluoroscopia.

 

Próximos passos

Entre em contato conosco para saber mais sobre as soluções SurgiScope e HospiRank da GHI. Ambas são recursos voltados para fabricantes de equipamentos médicos, permitindo que identifiquem quais hospitais latino-americanos têm tipos específicos de equipamentos e em que quantidade, bem como excelentes pontos de referência para administradores hospitalares.

[1] Global Surgery 2030: evidence and solutions for achieving health, welfare, and economic development, 2015, https://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736(15)60160-X/fulltext

Recent Posts

Quer se manter informado sobre as principais notícias de saúde na América Latina?

Inscrever-se para o GHI Newsletter

Contact Us

Please feel free to contact us at any time. Send us an email and we'll get back to you, asap.

Não pode ser lido? Editar texto captcha txt

Start typing and press Enter to search