Médicos inovadores na América Latina
Nos últimos anos, as ciências da saúde e da vida evoluíram em todo o mundo, acompanhando os avanços nas pesquisas científicas e nas tecnologias. Quando as descobertas científicas feitas por instituições de pesquisa se traduzem em novos produtos e serviços, testemunhamos o surgimento da verdadeira inovação. Na América Latina, há uma série de empresas e financiadores que promovem o vínculo entre soluções inovadoras e a indústria. Para os sistemas de saúde da região, esse estímulo ao desenvolvimento de novos produtos e serviços não apenas beneficia um maior número de pacientes, que passam a ter acesso a novas terapias eficazes e seguras, mas também impacta positivamente a economia dos países ao gerar empregos de qualidade, baseados na ciência e em tecnologias de ponta.
A região tem um grande fluxo de médicos inovadores que dão dinamismo à economia do conhecimento do setor de saúde. Ao mesmo tempo, muitas organizações promovem, impulsionam e acompanham a inovação, valendo-se de diferentes modalidades de incentivo aos profissionais que enriquecem o campo da saúde em diferentes áreas.
Para quem está começando, os concursos e incubadoras são os grandes aliados da inovação. Conheça alguns dos expoentes do talento inovador no campo da saúde nos países latino-americanos.
Inovações médicas na Argentina e no Chile
A Amanda Care e a Doole Health são as startups vencedoras do MedTech Innovation Open Challenge 2022, promovido pela Johnson & Johnson MedTech, Microsoft, Clínica Alemana (Chile), Hospital Universitário Austral (Argentina), NXTP Corporate Partners, The Hive e Start-Up Chile de Corfo. Nesse concurso, foram apresentados mais de 100 projetos desenvolvidos por diferentes startups latino-americanas especializadas em tecnologias aplicadas à saúde.
O Programa de Inovação Aberta Medtech Innovation Challenge é uma iniciativa promovida pela Johnson & Johnson MedTech e pela Microsoft. Os colaboradores do programa são o Hospital Universitário Austral da Argentina e a Clínica Alemã de Santiago do Chile. Fazem parte da organização a aceleradora de negócios e gestão da Corporação de Fomento à Produção do Governo do Chile (Corfo), Start-Up Chile, The Hive e NXTP Corporate Partners. A principal motivação do programa é buscar soluções inovadoras para os desafios enfrentados pelos sistemas de saúde da América Latina no intuito de gerar transformações de impacto no setor de saúde. Para tanto, o programa se dedica a promover o talento empreendedor da região e promover o desenvolvimento de ideias para o setor.
Em resposta às diretrizes preconizadas pelo Hospital Universitário Austral da Argentina, a startup argentina Amanda Care propõe soluções que melhoram a coordenação da jornada dos pacientes cirúrgicos do início ao fim. Presente na Argentina, no Chile e na Colômbia, o projeto utiliza uma plataforma que se comunica com os pacientes por WhatsApp, garantindo a adesão dos usuários aos tratamentos e prevenindo complicações decorrentes de suas doenças e outros fatores de risco. A Amanda Care é a primeira assistente virtual de língua espanhola a usar inteligência artificial para realizar o monitoramento de pacientes. Ao melhorar a adesão ao tratamento, a Amanda Care será uma importante ferramenta para provedores de assistência médica e seguradoras que desejam reduzir os custos associados à readmissão de pacientes com doenças crônicas.
Entre os objetivos desse desafio, o Hospital Universitário Austral busca garantir o acesso oportuno dos pacientes ao tratamento, identificar riscos e assegurar o cumprimento dos protocolos associados ao seu acompanhamento posterior e promover uma coordenação efetiva entre os profissionais de saúde que interagem no processo de atenção médica.
A equipe fundadora da Amanda Care é formada pelo engenheiro Sebastián Brito, que é o CEO da empresa; Nicolás Taussig, diretor de marketing; Dr. Tomás Jakob, diretor de estratégia médica; e pelo engenheiro Leonel Valentini, diretor de tecnologia.
A solução da empresa espanhola Doole Health responde ao desafio proposto pela Clínica Alemã do Chile, centrado em encontrar soluções que incentivem os pacientes a praticar o autocuidado e desenvolver hábitos saudáveis. Entre os principais objetivos da instituição, espera-se que os pacientes realizem exames preventivos, aumentem a adesão a programas de acompanhamento e sigam boas práticas de prevenção e autocuidado com a saúde. Para alcançar esses objetivos, a proposta da Doole Health é desenvolver a telemedicina para promover a prevenção e o autocuidado da saúde, integrando diferentes sistemas de gestão. A equipe multidisciplinar é formada por médicos, psicólogos, enfermeiros, engenheiros e economistas, possibilitando uma visão de 360º da transformação digital nos sistemas de saúde.
Os profissionais de saúde usam um navegador de internet para se conectar à plataforma, não sendo necessário nenhum tipo de instalação.
A partir do backoffice da Doole, os profissionais de saúde podem gerir todos os dados, que são integrados ao sistema de informação de saúde existente, realizar visitas virtuais e monitorar pacientes, além de dispor de uma série de outros recursos para melhorar a saúde dos pacientes em qualquer lugar e a qualquer hora.
Para aumentar a eficácia da gestão da saúde, uma questão ainda pendente na região devido à grande ineficiência dos gastos dos sistemas de saúde, uma equipe de médicos desenvolveu uma solução baseada em ciência de dados. Criada no final de 2021, a DHC Health Analytics utiliza inteligência analítica para identificar o desempenho das instituições de saúde em vários indicadores: detecção de desperdício sanitário, definição de perfis de efetores de saúde, estratificação de riscos à saúde e gestão de consumo em doenças catastróficas e crônicas. Os fundadores são três médicos que atuam em hospitais e são especializados em eficácia clínica e ciência de dados: Pablo M. Desmery, CEO, Sebastián Camerlingo, cientista de dados, e Diego A. Halac, cientista de dados.
Brasil na vanguarda da indústria de tecnologia médica da América Latina
Uma das consequências inesperadas, mas positivas, da pandemia foi a consolidação de diversas startups especializadas no desenvolvimento de soluções em saúde, como a brasileira ISA LAB (serviços de vacinação domiciliar) e a Mevo (receitas médicas digitais), que apresentaram um sólido desempenho este ano. Há também empresas que atuam na área de sistemas de saúde e dados que vêm crescendo em ritmo acelerado, como a Conexa Saúde (plataforma de pagamento e gestão de consultas), a Alice (seguro de saúde de unidade de atenção primária) e a Nilo Saúde (plataforma de gestão de cuidado ao idoso).
Entre esses novos atores, os modelos centrados no consumidor representam a abordagem da maioria das empresas incluídas na coorte de 2022 da HolonIQ LATAM Health Tech 50, lista que reúne as startups mais promissoras nos campos da saúde digital, biotecnologia, tecnologia médica e outras áreas que promovem a inovação nos cuidados de saúde.
Uma instituição que se destaca por promover a inovação é a Eurofarma, um dos maiores laboratórios do Brasil que tem o capital 100% brasileiro e busca consolidar sua posição e o reconhecimento de sua marca entre os profissionais médicos da região.
Novos dispositivos médicos fabricados no México
O México é o país mais competitivo do mundo em termos de custos de fabricação de dispositivos médicos, que chegam a ser 25% mais baixos que nos Estados Unidos e até 6% menores que os praticados na China. Carlos Alejandro Salazar Gaytán, diretor da Medical Expo, afirma que a pandemia atraiu dezenas de fábricas de dispositivos médicos para o país. Além disso, segundo registros da Associação Mexicana de Indústrias Inovadoras de Dispositivos Médicos (AMID), a migração de fábricas da Ásia para o México foi consequência da pandemia de Covid-19. De fato, os problemas nas cadeias de suprimentos causados pela pandemia e a proximidade do país com o maior importador do mundo são alguns dos fatores que favorecem o nearshoring no México.
Outro dado que explica o dinamismo da indústria mexicana de dispositivos médicos vem do Instituto Farmacêutico INEFAM, segundo o qual a capacidade de exportação de dispositivos médicos do México gira atualmente em torno de 200 bilhões de pesos. “Temos uma indústria robusta, evidenciado pelo fato de que o México saiu na frente na produção de dispositivos médicos e medicamentos durante a pandemia”, afirma Juan de Villafranca, presidente da Associação Mexicana de Laboratórios Farmacêuticos (AMELAF). Ricardo Gómez Bayardo, diretor-geral do Polo de Engenharia Biomédica do Estado de Jalisco, ressaltou que a pandemia permitiu direcionar o foco para dispositivos médicos e entender a importância da qualidade, já que todo dispositivo tem como objetivo ajudar a salvar vidas.
Próximos passos
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