Como a IA afetará o mercado de saúde na América Latina

Por Mariana Romero Roy

A ascensão da inteligência artificial (IA) tem implicações de enorme alcance para as empresas e a sociedade e pode acarretar inúmeras transformações, do modo como buscamos informações à maneira como escrevemos e nos comunicamos uns com os outros. Embora ainda estejamos vendo apenas as promessas iniciais dessa tecnologia, não há dúvida de que o futuro do setor de saúde no mundo inteiro será moldado pelos avanços em IA.

Tendências mundiais em IA

No setor de saúde, as potenciais promessas da inteligência artificial já começam a ser percebidas. Entre os benefícios da IA está sua capacidade de reunir e processar dados, determinando possíveis resultados com eficiência, o que pode ajudar os médicos a elaborar diagnósticos personalizados mais rapidamente do que no passado. Outro elemento benéfico da IA é a possibilidade de analisar dados referentes a grandes contingentes populacionais, identificando potenciais tendências ou resultados.

“Algumas das vantagens palpáveis de maior alcance a serem proporcionadas pela IA nos próximos anos referem-se a eficiências de tempo e custos”, diz Armando Guio Español[1], pesquisador afiliado do Centro Berkman Klein, da Universidade de Harvard, e arquiteto das estratégias de IA de vários países latino-americanos. “A IA pode aumentar significativamente a eficiência da análise e da avaliação dos dados dos pacientes, possibilitando aos médicos elaborar mais rapidamente seus diagnósticos e, por conseguinte, atender um número maior de pacientes em menos tempo.”

Em termos das melhorias palpáveis que podem ser geradas na área da saúde, já se observa no mundo inteiro alguns médicos usando recursos de IA para tomar decisões clínicas. Outros usos que vêm sendo feitos por profissionais da saúde incluem o auxílio na análise de imagens, a aceleração do desenvolvimento de medicamentos, a análise de sequências genômicas e a melhoria da gestão hospitalar, entre outros.

“No caso dos diagnósticos por imagem, os aplicativos de IA têm contribuído para aumentar a precisão e a rapidez do atendimento. Um exemplo digno de nota é o uso da IA na detecção de oclusões de grandes vasos em pacientes com acidente vascular cerebral”, diz Julian N. Acosta, médico e pesquisador associado do Rajpurkar Lab, laboratório da Universidade de Harvard comprometido com o desenvolvimento pioneiro de inteligência artificial médica avançada. “A inteligência artificial também está modificando aspectos administrativos e operacionais da atenção à saúde. Algoritmos de processamento de linguagem natural vêm sendo usados para gerar impressões preliminares sobre relatórios radiológicos, conferindo maior eficiência à elaboração de relatórios radiológicos.”[2]

Síntese das estatísticas mundiais relativas à aplicação da IA na saúde

  • US$ 19,27 bilhões – Tamanho estimado do mercado de IA aplicada à saúde em 2023
  • US$ 188 bilhões – Projeção do valor do mercado de IA aplicada à saúde até 2030
  • 79% – Percentual de organizações de saúde que usavam IA em março de 2024
  • 65% – Percentual de médicos que consideram o uso de IA vantajoso, segundo levantamento de 2024 da Associação Médica Americana
  • 39% – Percentual de americanos que se dizem confortáveis com o uso de IA por parte de seus prestadores de serviços de saúde, segundo levantamento de 2023 do Pew Research Center

Cómo se está incorporando la IA a los equipos y dispositivos médicos

Os fornecedores de equipamentos e dispositivos médicos já começam a incorporar a IA ao projeto de seus produtos. Um exemplo disso são as parcerias que muitos deles vêm estabelecendo com a empresa de inteligência artificial Nvidia, com o intuito de incluir em seus produtos a plataforma de IA da Nvidia. Recentemente, a General Electric, em parceria com a Nvidia, incorporou ferramentas de IA a seu modelo fundacional de pesquisa SonoSAMTrack, um modelo de pesquisa médica que rastreia órgãos, estruturas ou lesões em diferentes imagens médicas com facilidade. A tecnologia de IA da Nvidia também vem sendo usada por empresas como Johnson & Johnson MedTech, Moon Surgical e Arrow Electronics, entre outras.

Em julho, a General Electric anunciou outros avanços na área de IA, como a aquisição da unidade de desenvolvimento de softwares de inteligência artificial clínica do Intelligent Ultrasound Group. Além disso, a empresa lançou a Revolution RE, uma solução de tomografia computadorizada com IA incorporada que aumenta a precisão das imagens.

A Medtronic também apresenta várias novidades associadas à inteligência artificial, incluindo uma parceria com a Nvidia para a construção de uma nova plataforma de IA. A tecnologia aumentará a eficiência do módulo de endoscopia inteligente GI Genius. Outro avanço da empresa é a incorporação de ferramentas de IA a seu produto digital Touch Surgery Live Stream, para aprimorar a análise pós-operatória de cirurgias laparoscópicas e robóticas.

Não resta dúvida de que a inteligência artificial está gradualmente mudando não apenas o modo como são prestados os cuidados médicos, mas a própria forma como os equipamentos médicos são projetados e construídos. Uma análise mais detalhada dos números revela a dimensão dessa tendência que vem se expandindo rapidamente. Tudo indica que teremos mais progressos no uso da inteligência artificial em equipamentos e dispositivos médicos nos próximos anos.

A aplicação da IA no setor de equipamentos e dispositivos médicos

  • 882 – Número de dispositivos médicos com recursos de IA que tiveram seu uso autorizado pela FDA (agência reguladora de medicamentos e alimentos dos Estados Unidos)
  • 000% – Taxa de crescimento dos dispositivos médicos que fazem uso de IA aprovados pela FDA desde 2020
  • 128 – Número de dispositivos médicos relacionados com tecnologias radiológicas que fazem uso de IA aprovados para uso em maio de 2024
  • 80% – Percentual do total de dispositivos médicos baseados em IA aprovados que têm como foco as tecnologias de imagem

 


 

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A IA na América Latina

Ainda que na América Latina o mercado de IA aplicada à saúde atualmente não esteja tão avançado quanto nos Estados Unidos, o Dr. Acosta diz que em várias áreas a distância vem diminuindo. “Alguns desses desenvolvimentos em IA já estão sendo implementados na América Latina”, diz ele. “Startups como a Entelai são pioneiras na região em soluções baseadas em IA para áreas como imagem cerebral, radiografias de tórax e mamografia. Diversas instituições de primeira linha, como o Hospital Italiano de Buenos Aires, na Argentina, e a rede Dasa, no Brasil, formaram sólidas equipes de informática e inovação médicas, que se dedicam ao desenvolvimento e testagem de soluções de IA em seus respectivos sistemas de atenção à saúde.”

Embora se observem avanços em toda a região, Español diz que a coleta e organização de dados clínicos em grande escala é o elemento que falta para possibilitar um uso mais abrangente da IA na América Latina. Novos progressos vêm sendo feitos diariamente nessa área. “O que eu observo é que muitos médicos e pesquisadores da América Latina se mostram extremamente interessados em fazer uso da IA, mas precisam de dados de melhor qualidade”, diz. “Conforme os países forem aprimorando seus registros digitais e modelos de dados, começaremos a ver avanços expressivos em IA em todos os mercados de atenção à saúde na América Latina.”

Estágios iniciais de integração

Não obstante, a inteligência artificial já começa a ser integrada em hospitais e fabricantes de equipamentos médicos, que vêm estabelecendo parcerias estratégicas com fornecedores de IA e incorporando a tecnologia a seus produtos. No Brasil, por exemplo, o Centro de Inteligência Artificial vem promovendo avanços na área desde 2020, o que levou à rápida integração da IA a tecnologias de imagem, como radiografia, tomografia computadorizada e ressonância magnética. Outros usos de inteligência artificial no Brasil incluem telemedicina, descoberta de medicamentos e ensaios clínicos.

Há progressos em curso também em outras áreas da América Latina. A empresa de IA Eden captou investimentos significativos na região para incorporar seus avanços em inteligência artificial a aparelhos de imagem e processos de diagnóstico. A tecnologia já vem sendo usada por diversos radiologistas no México, e a Eden pretende expandir sua atuação para outros mercados latino-americanos nos próximos anos.

O que o setor latino-americano de atenção à saúde quer da IA

Os profissionais de saúde na América Latina nutrem em relação à inteligência artificial muitas das mesmas grandes expectativas que outros mercados globais, mas há algumas necessidades que são particulares ao mercado latino-americano e que a IA pode ser capaz de solucionar. “As soluções de IA que não dependem de uma infraestrutura mais robusta são especialmente atrativas na América Latina, onde nem sempre há disponibilidade de tecnologia de ponta e conexões de internet confiáveis”, observa o Dr. Acosta. “Além disso, a acessibilidade é um ponto particularmente importante, já que a IA pode atuar como uma ferramenta para suprir lacunas na prestação de serviços de saúde, sobretudo em áreas remotas ou desassistidas.”

Outros aspectos interessantes da IA nos mercados latino-americanos de atenção à saúde são a potencial agilidade na prestação de serviços e as eficiências de custo que a tecnologia deve proporcionar. “Em alguns países da América Latina, as pessoas às vezes precisam esperar até oito meses para serem atendidas por um médico”, diz Español. “Se a IA for capaz de aumentar a agilidade do atendimento, reduzir custos e oferecer informações preliminares com maior rapidez, essas características são todas altamente desejáveis.”

Síntese das estatísticas relativas à aplicação da IA no setor de saúde da América Latina

  • 38% – Projeção de crescimento do mercado latino-americano de IA aplicada à saúde entre 2019 e 2027
  • 5% – Projeção do impulso da IA ao crescimento do PIB latino-americano até 2030
  • US$3,6 bilhões – Projeção do valor do mercado brasileiro de uso de IA em saúde em 2030
  • US$ 20 bilhões – Financiamento de capital de risco a startups de tecnologia na América Latina apenas em 2020 e 2021
  • US$ 349 milhões – Projeção do faturamento do mercado de IA aplicada à saúde na América Latina até 2030
  • 12,2% – Projeção da taxa de crescimento anual composta do mercado latino-americano de IA aplicada à saúde entre 2024 e 2030

Principais conclusões para as empresas da área de saúde

Em consonância com as projeções mundiais, também na América Latina as oportunidades da IA aplicada à saúde devem ser uma grande fonte de crescimento e receitas nos próximos anos. Como em muitos mercados latino-americanos a infraestrutura necessária para as ferramentas de IA ainda está sendo desenvolvida, observa-se atualmente elevada demanda por softwares que tenham como foco a organização e avaliação de prontuários digitais.

Outros aspectos da IA que são importantes para os mercados latino-americanos incluem a capacidade de expandir eficiências operacionais, reduzir custos e ampliar o acesso aos serviços de saúde para as pessoas que têm dificuldades para encontrar um médico ou receber atendimento. Quaisquer avanços palpáveis proporcionados pela IA nessas áreas fundamentais certamente serão vistos por hospitais e centros médicos como vantajosos.

“Ao viabilizar a automação de tarefas administrativas, o aumento da rapidez e precisão dos diagnósticos e a redução do estresse laboral dos profissionais de saúde, a IA garante que os sistemas de saúde operem com maior eficiência, permitindo-lhes atender mais pacientes com recursos limitados”, diz o Dr. Acosta. “A IA também tem grande potencial na redução dos custos de saúde por meio da alocação otimizada de recursos, da automação de tarefas rotineiras e da viabilização de abordagens preventivas. Além disso, combinada com a telemedicina, a IA pode romper barreiras geográficas, possibilitando a elaboração de diagnósticos e o monitoramento de pacientes à distância, algo que é de vital importância em muitos lugares da América Latina.”

Próximos passos

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E, claro, também podemos fornecer dados de inteligência de mercado para você usar AGORA MESMO. São informações estratégicas sobre a demanda atual dos hospitais do seu país-alvo, oportunidades de vendas, clientes em potencial, precificação e muito mais.

 

[1] Entrevista com Armando Guio Español, pesquisador afiliado do Centro Berkman Klein, da Universidade de Harvard, e arquiteto das estratégias de IA de vários países latino-americanos. https://cyber.harvard.edu/people/armando-guio-espanol

[2] Entrevista com Julian N. Acosta, médico e pesquisador associado do Rajpurkar Lab, laboratório da Universidade de Harvard comprometido com o desenvolvimento pioneiro de inteligência artificial médica avançada. https://www.rajpurkarlab.hms.harvard.edu/

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