FOCO HOSPITALAR: Instituto Nacional de Saúde Infantil San Borja: Manter a liderança na atenção à saúde pediátrica de alta complexidade

Por Daniela Chueke Perles

 

Dr. Zulema Tomas Gonzales—CEO of the San Borja National Institute for Children’s Health

Em entrevista exclusiva concedida à equipe do HospiRank, a doutora Zulema Tomas Gonzales – diretora-geral do Instituto Nacional de Saúde Infantil San Borja e ex-ministra da Saúde do Peru – revela as estratégias de saúde pública que seu país adota na área de pediatria para promover uma atenção à saúde de qualidade em tratamentos de alta complexidade.

 

 

Após três longos anos enfrentando a pandemia de Covid-19, a senhora acredita que a situação para os hospitais finalmente está melhor?

No Peru, o primeiro caso de infecção por Covid-19 foi identificado em 8 de março de 2020 e no intervalo de uma semana já contabilizávamos 34 casos. Em momento algum adotamos o lockdown e elaboramos imediatamente um plano de contingência com 309 leitos que nos permitia fazer uma diferenciação: eram 12 leitos de UTI – pois temos várias portas de entrada – para os pacientes de Covid e 60 leitos hospitalares para crianças e adolescentes com Covid, mas continuamos a atender nossas crianças com cardiopatias ou tumores cerebrais, pois do contrário elas acabariam morrendo.

A pandemia pôs os recursos profissionais e administrativos da área da saúde sob os holofotes; não estávamos preparados, em termos de infraestrutura, para enfrentar essa pandemia. Antes, havia 250 leitos de UTI e 4 mil leitos hospitalares no país inteiro. Hoje, após a pandemia, são mais de 1,8 mil leitos de UTI e mais de 18 mil leitos hospitalares. A pandemia unificou a saúde pública do país.

Que tipos de desafios sanitários seu hospital enfrenta atualmente?

Temos, no momento, um plano de contingência já elaborado para a varíola dos macacos, pois não podemos pensar que a transmissão não chegará aqui, como fizemos quando surgiu a Covid. É preciso aprender a trabalhar de forma unida. Foi o que aconteceu durante a pandemia com Igreja, Ministério da Saúde, hospitais públicos e privados – todos nós trabalhamos como se fôssemos um só.

Os principais desafios são: continuar avançando e estarmos preparados para patologias complexas, como transplantes renais, hepáticos, de medula óssea (378 crianças transplantadas), aparelhos de ressonância magnética e angiografia que nos permitem realizar ablações sem abrir o coração. Este ano, planejamos fazer transplantes cardíacos com suporte de ECMO.

O hospital pretende fazer ampliações, reformas ou construir novas unidades?

Temos uma área construída de 32 mil m2 e o código de edificações impede a ampliação das nossas instalações. Contudo, como precisamos expandir o atendimento a pacientes oncológicos, solicitamos ao prefeito do distrito onde está situado o hospital a doação de um pequeno parque de 120 m2, vizinho ao nosso prédio. O projeto é construir um edifício de 5 andares, equipado para atender o aumento de 30% nos pacientes com leucemia que observamos após a pandemia.

Quais são os principais fatores que levam hospitais como o seu a adquirir novos equipamentos médicos?

Como somos um hospital de pesquisa, identificamos os equipamentos já em uso em outros países cujos resultados coincidem com o que é anunciado pelos fabricantes em suas apresentações. Priorizamos a qualidade e a segurança do cuidado com o paciente, conforme os estudos científicos existentes. Além disso, como atendemos crianças, temos preocupação com o tempo de uso e buscamos equipamentos rápidos, ainda que no Peru os recursos sejam escassos e não possamos fazer aquisições de um dia para o outro.

Há aquisições planejadas para 2023 de novos equipamentos particularmente interessantes?

O hospital está em operação há nove anos, de modo que a rodada inicial de investimentos, que teve início com uma primeira grande aquisição de equipamentos em 2012, ainda não está concluída. De qualquer forma, já solicitamos ao Ministério da Saúde um novo tomógrafo, pois o nosso está defasado. Ainda este ano também concluiremos a aquisição de um aparelho de ressonância magnética de 3 tesla e um ecocardiógrafo de última geração. Felizmente o governo compreende nossas necessidades e temos mostrado resultados em termos de gestão e qualidade na atenção à saúde.

Qual é o tratamento de alta complexidade mais importante oferecido pelo hospital e como fazer para manter a excelência?

O hospital é pioneiro em telemedicina. Começamos a trabalhar com atendimentos remotos em 2015, com três hospitais e três regiões do país. Hoje estamos conectados a 25 regiões, oferecendo consultas a distância em hospitais onde não há especialistas. O crescimento da telemedicina também foi impulsionado pela pandemia, porque o governo, percebendo a necessidade de conectar os distritos mais distantes, equipou todas as regiões com os aparelhos necessários. Em sete anos, atendemos mais de 6 mil pacientes, oferecendo tratamentos, exames de alta complexidade, como ecocardiogramas e tomografias, e estabilizando pacientes para que eles pudessem ser encaminhados para cirurgia aqui no Instituto.

Sobre o Instituto Nacional de Saúde Infantil San Borja

O Instituto Nacional de Saúde Infantil San Borja  (INSN SB) é um hospital pediátrico cirúrgico e especializado de alta complexidade que recebe crianças e adolescentes de outros hospitais do Peru. Conta com uma equipe de profissionais de saúde altamente qualificados e realiza pesquisas e ensino em nível nacional.

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