A pandemia faz parte da nossa evolução

William Krinickas, Vice-presidente para a América Latina, MicroPort

Entrevista com William Krinickas
Vice-presidente para a América Latina
MicroPort

Nesta conversa com William Krinickas, líder da MicroPort para a América Latina, discutimos o impacto da pandemia no setor da saúde e as novas oportunidades que surgiram no mercado.

A América Latina tem um longo caminho pela frente para alcançar um sistema de saúde comparável ao de outras regiões. Na sua visão, quais são as causas dessa discrepância?

A questão continua sendo o acesso limitado dos pacientes às terapias por vários motivos. Um dos principais fatores que impedem que alguns países da região tenham sistemas de saúde melhores e façam um uso mais eficiente dos recursos é a corrupção, que gera instabilidade e profundas crises econômicas dentro de cada ecossistema.

Por outro lado, vivemos em um contexto de constante falta de segurança jurídica, o que afeta a capacidade de planejamento de longo prazo. Isso gera desconfiança e pouca previsibilidade em nível regional, já que a ausência de estabilidade política dificulta muito o alcance da estabilidade econômica. Soma-se a isso o crescimento negativo nos últimos anos.

stent intracraniano
O sistema de stent intracraniano APOLLO™ da MicroPort foi implantado pela primeira vez no Brasil em agosto de 2022

A pandemia revelou os pontos fortes e as vulnerabilidades dos sistemas de saúde da região, bem como as consequências da corrupção presente em vários mercados da região. Esse é o câncer da América Latina.

Em contrapartida, há uma transparência cada vez maior em relação aos preços que administramos, o que nos permitirá melhorar o acesso ao democratizar o alcance de dispositivos e equipamentos antes inviáveis para a nossa região. Isso é possível graças à colaboração entre empresas e associações industriais e governos com o objetivo de progredir.

A pandemia ainda não acabou, embora pareça estar em sua fase final. Como o senhor acha que o coronavírus afetou o setor de saúde e quais foram os aprendizados da indústria com a pandemia?

A pandemia trouxe o caos em nossas sociedades e teve impactos disruptivos de longo prazo em nossos sistemas de saúde. Todos os procedimentos ou check-ups que eram realizados anteriormente e deixaram de ser feitos se refletirão em casos clínicos nos próximos anos, e essa situação terá um grande impacto no sistema de saúde. Estamos vivenciando algo inédito, um fenômeno que está fora do nosso alcance.

Pessoalmente, não acho que a pandemia tenha gerado apenas impactos negativos. O coronavírus também mudou nossa abordagem e abriu as portas para novas oportunidades. Entre os [impactos positivos] mais importantes, por exemplo, a telemedicina finalmente assumiu um papel de protagonismo e [houve uma] redistribuição de orçamentos e uma reacomodação do sistema para melhorar o atendimento ao paciente ou ampliar a cobertura. Acredito que esses devem ser nossos interesses como indústria, como governos e como comunidade médica. Temos o dever de cuidar da saúde da população e atualmente muitas empresas participam de programas “verdes” ou de economia sustentável, que é o futuro da saúde.

Os últimos anos têm sido um período de crise para algumas empresas e de oportunidades para outras. Qual foi o caso da MicroPort?

Todos os países e suas respectivas indústrias sofreram as enormes pressões geradas pela pandemia. Foi notável como a crise provocada pela Covid-19 levou ao esgotamento dos orçamentos. Devido a essas mudanças estruturais, novos desenvolvedores tiveram a oportunidade de entrar no mercado de dispositivos médicos, oferecendo produtos de qualidade e a preços mais acessíveis para sistemas de saúde que tiveram seus orçamentos significativamente afetados.

Houve uma mudança completa nas capacidades dos sistemas de saúde para que pudessem continuar fornecendo cobertura tanto em termos de quantidade como de qualidade. Essa situação deu origem a novas ofertas de valor, tecnologia e qualidade, como é o caso dos procedimentos minimamente invasivos.

Para a MicroPort, a pandemia representou um momento de oportunidade; conseguimos incluir nosso portfólio de dispositivos médicos e robóticos na maioria das áreas terapêuticas minimamente invasivas. Esse tipo de cirurgia oferece grandes benefícios em relação à cirurgia tradicional. O médico tem um controle maior do procedimento [por meio de] cortes pequenos e precisos sem o tremor das mãos, pois opera com os movimentos mecânicos realizados por um robô. [Dessa forma], o profissional consegue chegar facilmente a áreas de difícil acesso e com uma visão consideravelmente melhor graças às câmeras acopladas ao equipamento. O paciente, por sua vez, tem uma recuperação mais rápida do que nas intervenções tradicionais, com menor perda sanguínea, menos complicações e cicatrizes menores. Em todos os casos, esse tipo de intervenção é mais benéfico.

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A MicroPort é uma multinacional que desenvolve e fabrica dispositivos médicos para todo o mundo há mais de 20 anos. A empresa está entre as 100 maiores fabricantes de dispositivos médicos.

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