Os procedimentos cirúrgicos mais populares na Colômbia
O coronavírus e a consequente suspensão de procedimentos cirúrgicos eletivos durante o primeiro ano da pandemia levaram a uma redução de 38,8% no número total de cirurgias realizadas na Colômbia em 2020 em relação ao ano anterior.
Os dados foram coletados pelo SurgiScope, a ferramenta de análise do setor cirúrgico da Global Health Intelligence. Em 2019, o número total de procedimentos cirúrgicos nas diferentes especialidades médicas superou a marca de onze milhões (11.589.876), com esse número caindo significativamente para pouco mais de sete milhões (7.091.321) em 2020. Esse dado revela que, em decorrência da Covid-19 e do temor pela segurança dos médicos e pacientes em uma época em que as vacinas e os conhecimentos disponíveis sobre o novo vírus ainda não eram suficientes para controlar a pandemia, uma parcela significativa da população ficou sem os devidos cuidados para diferentes patologias que necessitam de tratamento cirúrgico.
Em 2021, o segundo ano da pandemia, com o vírus mais controlado e a normalização gradual da assistência médica, os procedimentos cirúrgicos realizados na Colômbia (8.548.893) cresceram 20,6% em relação ao ano anterior, mas não atingiram a marca de 2019.
As informações do SurgiScope, analisadas em conjunto com os dados do HospiRank, revelam grandes oportunidades para dinamizar o setor cirúrgico colombiano.
De acordo com o HospiRank, sistema de classificação da Global Health Intelligence que destaca os hospitais mais bem equipados da América Latina, a Colômbia possui 3.644 hospitais, dos quais 57% são privados e 43% públicos. No total, são 76.915 leitos hospitalares e 3.976 centros cirúrgicos.
Panorama do setor hospitalar da Colômbia
A necessidade do país de ampliar o acesso de sua população à assistência cirúrgica é um dos pontos críticos para transformar o sistema de saúde que vem sendo discutido atualmente na sociedade colombiana. Uma das lacunas que precisa ser sanada é justamente a baixa proporção de centros cirúrgicos por hospital no país em comparação com outros países da região. Esse obstáculo, somado à defasagem na assistência cirúrgica em decorrência da suspensão de cirurgias eletivas durante a pandemia, evidencia a necessidade de impulsionar o setor.
Como mostra o HospiRank 2022, a infraestrutura hospitalar de toda a região latino-americana é composta por 21.951 hospitais, 1.244.837 leitos, 58.699 centros cirúrgicos e uma proporção de dois médicos para cada mil habitantes. A Colômbia, por sua vez, tem uma proporção menor de centros cirúrgicos por hospital em comparação com outros países da região, com uma taxa de apenas 1,2, abaixo da média regional latino-americana, que registra 1,4 centros cirúrgicos por hospital. O Brasil se destaca, com uma média de 4,3, seguido do México, com 2,2.
O SurgiScope é uma ferramenta que disponibiliza informações detalhadas sobre oportunidades relacionadas a procedimentos cirúrgicos. Como detalha Guillaume Corpart, CEO da GHI: “Essa ferramenta-chave permite dimensionar as atividades do ecossistema de saúde. Com isso, é possível identificar não apenas a quantidade de procedimentos, mas também os tipos de procedimentos realizados, sua complexidade e se estão no setor público ou privado. Esses dados permitem formar uma imagem representativa do ecossistema da saúde. Não há um sistema de saúde perfeito no mundo, mas, munidos de dados confiáveis, podemos tomar decisões mais assertivas para melhorar os sistemas existentes. E isso está no centro das políticas de saúde de todos os governos da região”.
Procedimentos cirúrgicos e dispositivos médicos na Colômbia
Cirurgia oncológica. No que se refere ao tratamento de câncer, tanto em seus aspectos diagnósticos como no tratamento com e sem cirurgia, o país possui uma instituição de ponta. Cabe ressaltar que, como o Centro de Pesquisa e Tratamento de Câncer Luis Carlos Sarmiento Angulo (ver Os novos hospitais da América Latina) ainda não havia sido inaugurado no momento da elaboração do HospiRank, a instituição não foi incluída na edição de 2022. O CTIC, que exigiu investimentos superiores a 1,5 bilhão de pesos, conta com 120 unidades de internação, quatro bunkers de radioterapia, nove centros cirúrgicos e 176 quartos com leitos hospitalares, entre outras características que o consagram como a instituição médica do país mais avançada nessa categoria.
Melhores centros cirúrgicos. Outras instituições de destaque em termos de centros cirúrgicos e equipamentos são a Clínica El Rosario, Sede El Tesoro, em Medellín; a Clínica Las Américas Auna, na mesma cidade; e a Fundação Valle de Lili, de Cali.
Cirurgia robótica. Além das equipes de saúde tradicionais, existem também hospitais com sistemas de cirurgia robótica, a grande maioria das quais situada em Bogotá, com exceção da Clínica Foscal de Floridablanca e do Instituto Neurológico da Colômbia, que ficam em Medellín. Em Bogotá, as entidades mencionadas que contam com equipamentos robóticos são as clínicas Marly, Nogales, Shaio, Santa Fe e o Instituto Nacional de Cancerologia.
Aumento dos transplantes de órgãos. Embora ainda não tenham retornado aos patamares observados antes da pandemia de Covid, esses procedimentos cirúrgicos aumentaram ao longo de 2021.
Realidade aumentada. Em termos de inovação tecnológica, os procedimentos cirúrgicos também foram influenciados pela tendência de incorporação de inteligência artificial e simulações. Algumas instituições colombianas vêm implementando uma tecnologia de realidade aumentada que mapeia a parte inferior do corpo do paciente para melhorar os processos e, com isso, possibilitar cirurgias muito mais precisas. O Dr. Fernando Hakim Daccach, chefe do Departamento de Neurocirurgia da Fundação Santafé, em Bogotá, é um dos profissionais que domina essa tecnologia. Por meio de um microscópio ZEISS e da realidade aumentada, gera-se uma imagem tridimensional, que passa a ser um importante guia na cirurgia por permitir que o médico veja os pontos específicos envolvidos.
Hospital com mais centros cirúrgicos. O hospital colombiano com o maior número de centros cirúrgicos é o Hospital Militar Central, com 24 centros, seguido de perto da Clínica Foscal em Santander, com 23, e da Fundação Valle de Lili em Cali, com 20.
Melhor infraestrutura para atender pacientes. No quesito maior infraestrutura para receber pacientes, a Fundação Valle de Lili assume a liderança com 454 leitos de internação e 553 leitos ambulatoriais. Em segundo lugar vem o Hospital Universitario Mayor de Méderi em Bogotá, com 751 e 83 leitos, respectivamente.
Maior segurança nos procedimentos cirúrgicos. A Colômbia faz parte do programa “Cirurgias seguras salvam vidas”, desenvolvido pela Organização Mundial da Saúde. Dados da OMS mostram que, todos os anos, procedimentos cirúrgicos inseguros causam complicações em cerca de 25% dos pacientes cirúrgicos, dos quais aproximadamente sete milhões apresentam complicações significativas, sendo que um milhão morre durante ou imediatamente após a cirurgia. De acordo com o relatório anual da Comissão Conjunta de Acreditação de Organizações de Saúde dos Estados Unidos, foram revisados 3.548 eventos sentinela, dos quais 12,80% ocorreram em local errado, 12,50% tiveram complicações pós-operatórias e 1,60% estava associado à anestesia. Da mesma forma, o Estudo Ibero-Americano de Eventos Adversos (IBEAS), desenvolvido em cinco países latino-americanos (Argentina, Colômbia, Costa Rica, México e Peru), aponta que a prevalência de eventos adversos foi de 10,50%, sendo os cinco mais frequentes ocasionados por complicações relacionadas a cirurgias ou procedimentos e 55% deles evitáveis. Por essa razão, a OMS, por meio da Resolução WHA55.18, criou a lista de verificação de cirurgia segura (LVCS) como parte do programa “Cirurgias seguras salvam vidas” no intuito de garantir processos cirúrgicos seguros, minimizando os riscos evitáveis mais comuns que colocam em risco a vida e o bem-estar do paciente cirúrgico e destacando o papel da equipe de enfermagem.
O sistema de saúde colombiano
O sistema de saúde colombiano é caracterizado por um regime contributivo (privado) e um regime subsidiado (gratuito). Ambos os regimes oferecem cobertura universal, igualdade de acesso a medicamentos, procedimentos cirúrgicos, serviços médicos e odontológicos, entre outros. Na Colômbia, o regime contributivo é aquele que inclui trabalhadores que contribuem com parte de seu salário para ter cobertura médica para si mesmos e suas famílias. São, portanto, pessoas com vínculo trabalhista, com capacidade de pagamento, como trabalhadores formais, autônomos e aposentados.
Já o regime subsidiado é o sistema pelo qual a população mais carente, sem capacidade de pagamento, tem acesso aos serviços de saúde por meio de um subsídio oferecido pelo Estado.
O sistema de saúde colombiano é composto por um amplo setor de seguridade social e um setor exclusivamente privado cuja participação vem diminuindo. Seu eixo central é o Sistema Geral de Seguridade Social em Saúde (SGSSS) com seus dois regimes, o regime contributivo (RC) e o regime subsidiado (RS). O RC abrange trabalhadores assalariados e aposentados e autônomos com renda igual ou superior a um salário mínimo. O RS cobre todas as pessoas sem capacidade de pagamento. Em 2010, a cobertura desses regimes atingiu, respectivamente, 39,7% e 51,4% da população total. Os Regimes Especiais (RE) se aplicam a trabalhadores das Forças Armadas, da Polícia Nacional, da Empresa Colombiana de Petróleo (ECOPETROL), do magistério e das universidades públicas.
Em 2010, apenas 4,3% da população permanecia fora do sistema de seguridade social em saúde. O RC opera com base na contribuição de seus filiados. O RS opera com base em um subsídio cruzado do RC somado a outros recursos fiscais provenientes de impostos gerais. A filiação ao SGSSS é obrigatória e se faz por meio das entidades promotoras de saúde (EPS), que podem ser públicas ou privadas e são responsáveis por oferecer, no mínimo, o Plano Obrigatório de Saúde (POS) ou o POS-S para os filiados ao regime subsidiado. As EPS repassam os recursos arrecadados com as contribuições ao Fundo de Solidariedade e Garantia (FOSYGA), que, por sua vez, devolve às EPS o valor equivalente à unidade de pagamento por capitação (UPC) ajustada pelo risco, de acordo com o número de seus filiados. O pagamento per capita no RS é semelhante (embora não seja ajustado pelo risco), sendo denominado UPC-S. Os provedores de assistência médica são as instituições prestadoras de serviços (IPS), que podem ou não estar integradas às EPS, mas que são invariavelmente contratadas por elas.
O setor exclusivamente privado é utilizado pela classe alta que, embora pague suas contribuições a alguma EPS, contrata seguros privados ou opta por consultas particulares.
Por carecer de cobertura ou não ter acesso oportuno ao SGSSS, uma parcela da população de renda média se vê obrigada a custear consultas particulares do próprio bolso.
Próximos passos
Entre em contato conosco para saber mais sobre procedimentos cirúrgicos e equipamentos na Colômbia e em outros países da América Latina. Soluções como Hospirank, HospiScope e SurgiScope fornecem as informações necessárias para entender o campo da cirurgia e dos hospitais nos países da região.