Sustentabilidade no setor de saúde: tecnologias e práticas ecológicas na América Latina

Mariana Romero Roy

A ideia de sustentabilidade vem sendo incorporada por muitos mercados globais, e o setor de saúde não está imune a essa tendência. Trata-se, em síntese, da adoção de práticas e tecnologias ecológicas que tornem mais sustentáveis as operações da sua empresa ao longo do tempo. Em alguns casos, a sustentabilidade também gera redução de custos, configurando-se como uma alternativa ainda mais promissora para as empresas que lideram o setor.

O impacto da sustentabilidade no setor de saúde

Para as empresas do setor de saúde o impacto da adoção de práticas sustentáveis pode ser abrangente e de longo alcance, proporcionando ganhos de eficiência não apenas na prestação dos cuidados de saúde em si, mas nas operações hospitalares como um todo, incluindo iluminação LED, fontes alternativas de energia e veículos com consumo de combustível mais baixo. Trata-se de um tema amplo, mas que vem ganhando força em âmbito mundial nos últimos anos. De fato, a American Hospital Association atualmente disponibiliza o guia Sustainability Roadmap for Health Care, que apresenta boas práticas para instituições hospitalares interessadas em criar e implementar metas de sustentabilidade.

Práticas sustentáveis no setor de saúde latino-americano

Embora frequentemente se tenha a impressão de que a América Latina permanece atrasada em relação às práticas adotadas nos Estados Unidos e na Europa, o fato é que muitos países da região tornaram-se centros de inovação em áreas como as de biofármacos e telemedicina. A sustentabilidade é outra área em que os hospitais e centros médicos latino-americanos vêm realizando grandes avanços, com novos medicamentos e tecnologias impulsionando a sustentabilidade na região.

Em se tratando de iniciativas “ecológicas”, algumas práticas que os hospitais podem adotar para se tornar mais sustentáveis são bastante óbvias, como, por exemplo, o uso de iluminação LED em vez de lâmpadas incandescentes, ou a busca de fontes alternativas de energia, como a energia solar.

No entanto, há outras práticas na atenção à saúde que também são consideradas sustentáveis por reduzirem ineficiências e proporcionarem melhorias para a qualidade de vida dos pacientes. A adoção em larga escala da telemedicina, por exemplo, pode ser entendida como uma prática sustentável, pois oferece serviços de saúde de qualidade para mais pessoas de forma mais acessível, além de reduzir ou eliminar o tempo de deslocamento entre a residência do paciente e o hospital. Até mesmo iniciativas de prevenção podem ser consideradas sustentáveis. Quando se mostram eficazes, elas reduzem o número de pessoas que precisam ser diagnosticadas e tratadas.

Outras práticas sustentáveis adotadas pelo setor de saúde latino-americano nos últimos anos dizem respeito ao foco na inovação e na produção em nível local. Isso fica particularmente em evidência quando se considera a expansão do mercado de biofármacos na região. Com o relaxamento das exigências regulatórias e o incentivo à produção local de vacinas e outros medicamentos, a América Latina está reduzindo suas importações — o que não apenas é economicamente mais eficiente, como ambientalmente mais sustentável.

Práticas sustentáveis de sucesso

Basta olhar para algumas práticas sustentáveis adotadas na região para se constatar o impacto desses novos desdobramentos no setor de saúde latino-americano. Um exemplo é o guia Smart Hospitals Toolkit, elaborado pelo escritório regional da Organização Mundial da Saúde (OMS) nas Américas, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), que auxilia os hospitais da região a se tornarem ambientalmente sustentáveis e resilientes em face de desastres naturais e outros eventos. Além disso a OMS publicou recentemente diretrizes para garantir que as instituições hospitalares sejam resilientes às mudanças climáticas e ambientalmente sustentáveis.

Outra entidade que vem promovendo a sustentabilidade no setor de saúde é a Agenda Global para Hospitais Verdes e Saudáveis, que por vários anos abrigou a Conferência Latino-americana na região para celebrar as contribuições dos hospitais regionais. Um integrante dessa organização é o Hospital San Rafael de Pasto, da Colômbia, que se comprometeu com a redução de seu impacto ambiental por meio de programas voltados para a gestão de resíduos, água e fornecedores.

Desde 2015, o hospital vem realizando grandes avanços nessa área, equipando 90% de seu sistema de iluminação com lâmpadas LED e trocando aparelhos elétricos por modelos certificados com nível A de eficiência energética. Há também abastecimento de energia solar em toda a operação. Além disso, o hospital contribuiu com uma iniciativa do governo local chamada “um milhão de árvores na cidade de Pasto”, adquirindo um terreno de um hectare para plantar 6 mil árvores de espécies nativas.

Outra história de sucesso na região é a do Hospital Clínica Bíblica, da Costa Rica. Desde que começou a adotar iniciativas ligadas à sustentabilidade, em 2016, o hospital vem implementando diversas estratégias, incluindo a instalação de painéis de energia solar, a compostagem de resíduos alimentares, o reuso de água da chuva, o incentivo ao uso racional de água potável e a redução do uso de gases anestésicos. Esses esforços renderam ao hospital 15 prêmios, incluindo um prêmio de Ouro por Redução de Gases de Efeito Estufa (GEE) em Energia, um prêmio de Prata por Energia Renovável e um prêmio de Ouro por Liderança Climática, entre outros.

Sustentabilidade com acessibilidade

Para as regiões e organizações que contemplam a adoção de iniciativas sustentáveis, um possível obstáculo são os custos percebidos. Ainda é comum a percepção de que as práticas ecológicas são excessivamente dispendiosas. No entanto, segundo a Siemens Healthineers, um dos grandes mitos relacionados com as práticas sustentáveis é a noção de que “a sustentabilidade é muito cara”. Na realidade, as instituições hospitalares que implementam práticas ecológicas acabam economizando recursos no longo prazo.

Pesquisa realizada pela McKinsey sobre esse tópico mostra que as empresas que investem em fontes de energia sustentável reduzem seu consumo em até 30%. Isso significa que o investimento inicial mais elevado com frequência é compensado em prazo razoavelmente curto por contas de energia mais baratas.

Em se tratando especificamente de equipamentos médicos, muitos fabricantes oferecem programas sustentáveis que geram economias imediatas para o hospital. As atualizações de sistemas e os programas de reforma, por exemplo, têm custos de capital mais baixos e são mais ecológicos do que o investimento em novos equipamentos.

Principais conclusões para as empresas do setor de saúde

As iniciativas ecológicas e de sustentabilidade são uma tendência crescente em âmbito mundial, estando especificamente em alta na América Latina. À medida que mais regiões e organizações se deem conta de que os investimentos iniciais nesses produtos e tecnologias podem levar a economias substanciais no longo prazo, a tendência deve se intensificar.

Se a sua empresa é uma fornecedora de equipamentos ou dispositivos médicos com atuação em mercados latino-americanos, pode ser útil submeter suas iniciativas de sustentabilidade a uma avaliação e verificar de que maneira elas podem apoiar os esforços que vêm sendo empreendidos na região. Algumas tendências tecnológicas, como a telemedicina e os prontuários eletrônicos de saúde, contribuem naturalmente para as iniciativas de sustentabilidade, ao aumentar a acessibilidade e a eficiência na atenção à saúde, de modo que os produtos relacionados com a adoção dessas tecnologias por instituições hospitalares tendem a andar de mãos dadas com a sustentabilidade.

Para dispositivos e equipamentos médicos de maior porte, vale a pena considerar programas como a atualização de sistemas no que tange a equipamentos já em uso ou as iniciativas de reforma, caso sua empresa já não esteja explorando tais alternativas. Esses programas vêm despertando o interesse de hospitais e sistemas de saúde que buscam reduzir custos, além de ter a vantagem adicional de serem sustentáveis e ecológicos. Com as instituições hospitalares adotando cada vez mais iniciativas de sustentabilidade, esses programas provavelmente despertarão interesse ainda maior.

Próximos passos

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Fontes:

 

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