Startups de tecnologia de saúde e polos de inovação na América Latina

Mariana Romero Roy

Com o advento da inteligência artificial (IA), a digitalização e a proliferação dos smartphones remoldando nosso cotidiano, não é surpresa ver o setor de saúde passando por uma revolução semelhante. A integração de tecnologias avançadas, como telemedicina, big data e IA, vem deixando a assistência médica mais acessível, eficiente e inovadora do que nunca.

O papel da América Latina

Embora a América Latina seja frequentemente considerada atrasada no setor de saúde, é interessante observar que os recentes avanços na tecnologia em saúde aparentemente destroem esse mito. Em muitos casos, a América Latina é líder em inovação no cuidado da saúde e supera o resto do mundo em financiamento e investimento na área.


A tecnologia de saúde da América Latina em números

  • Previsão de crescimento do mercado global de saúde digital em 2024: 5,5%
  • Previsão de crescimento do mercado de saúde digital na América Latina em 2024: 37,6%
  • Previsão de valor do mercado de saúde digital da América Latina até o fim de 2024: US$ 35 bi
  • Crescimento no uso de IA em startups latino-americanas entre 2022 e 2024: 6%
  • Percentual de startups de tecnologia de saúde dedicadas a diagnóstico, tratamento e prevenção: 52%
  • Percentual de startups de tecnologia de saúde localizadas no Brasil e no México: 78%

 

Uma região em franca ascensão

Como podemos ver, há uma explosão de tecnologia de saúde e potencial de inovação na América Latina. O crescimento estimado da região supera o do mundo como um todo. Embora a maior parte da inovação venha do Brasil e do México, esses países não são os únicos atores do setor de tecnologia médica. Chile, Argentina e Colômbia, por exemplo, respondem por 8%, 6% e 6% do total, respectivamente. Quando analisamos histórias individuais de sucesso de diferentes países, as contribuições para a tecnologia em saúde em toda a América Latina ficam ainda mais evidentes.

Histórias de sucesso

Em toda a região, startups de tecnologia de saúde já vêm melhorando a qualidade e a eficiência do atendimento de milhões de latino-americanos. Vejamos alguns dos muitos exemplos de inovação encontrados na região.

Unima. Sediada no México, a Unima é uma startup de tecnologia de saúde que presta serviços de diagnóstico médico rápidos e de baixo custo nas áreas rurais do país, onde o acesso a laboratórios é escasso. A ideia é expandir a oferta de atendimento barato e diagnósticos precisos e, ao mesmo tempo, ajudar no controle de doenças infecciosas nessas áreas. Até o momento, a empresa já atendeu mais de 500 mil pacientes.


Mevo. Essa empresa brasileira criou uma plataforma de prescrição digital que permite ao paciente comprar medicamentos prescritos e acessar informações sobre eles em um aplicativo móvel simples de usar. Até o final de 2024, a empresa captou quase US$ 20 milhões em financiamento, o que lhe permitiu expandir e oferecer seus serviços a mais brasileiros.


1DOC3. Na Colômbia, milhões de usuários já descobriram essa plataforma de telemedicina singular, que lhes permite acessar médicos via mensagem de texto e bate-papo em questão de minutos. A 1DOC3 utiliza IA e outras tecnologias para melhorar os tempos de espera e reduzir os custos associados às consultas médicas. A empresa utiliza WhatsApp e outras plataformas comuns para oferecer acesso a atendimento médico até nas áreas mais remotas do país.


Pura Mente. As startups de tecnologia de saúde também cresceram no setor de saúde mental na América Latina, refletindo a demanda crescente por mais atenção a essa área. Um exemplo disso é o Pura Mente, aplicativo argentino de meditação e atenção plena (mindfulness). Desde seu lançamento em 2019, o programa já ganhou mais de um milhão de usuários. O aplicativo é especialmente útil na Argentina, onde o financiamento do cuidado com a saúde mental é historicamente negligenciado.


TRAINFES. A eletroestimulação é uma terapia comum na reabilitação de vários distúrbios neurológicos, como o AVC e as lesões na medula espinhal, mas o tratamento geralmente exige a locomoção do paciente até uma clínica à qual muitos não têm acesso. No Chile, a TRAINFES permite que o paciente receba sessões de terapia remotamente, sem precisar estar presente em uma clínica de reabilitação. Até agora, a empresa já ajudou mais de 10 mil pacientes.

 

Polos de inovação

Um dos maiores motivos do crescimento das startups de tecnologia de saúde na América Latina nos últimos anos é a criação de polos de inovação em toda a região. São áreas dedicadas ao avanço da tecnologia e que frequentemente atraem os investidores necessários para impulsionar esse crescimento.

A Cidade do México, por exemplo, é muitas vezes chamada de “Vale do Silício da América Latina”, e está longe de ser a única a abraçar a inovação tecnológica. Outras cidades são famosas por abrigar startups de tecnologia e investidores, como São Paulo, Buenos Aires, Bogotá, Santiago e muitos outros lugares da América Latina. Essas cidades contam com um número cada vez maior de profissionais talentosos e geralmente oferecem custos menores que outras regiões, o que as torna um destino atraente para empresas de tecnologia e investidores. No fim de 2023, o Fórum Econômico Mundial declarou que a América Latina estava “destinada a ser uma força global em inovação”.

Desafios contínuos

É evidente que manter a inovação na América Latina, assim como ocorre em várias regiões, não é uma tarefa sem desafios. Algumas pessoas são mais lentas em adotar novas tecnologias ou hesitam em confiar nos serviços de saúde digitais. Convencê-las dos benefícios pode demorar. As regras, regulamentos e infraestruturas desatualizadas que regem a assistência médica em muitos países latino-americanos também podem ser um obstáculo ao avanço. Além de atrasar a adoção, isso pode prejudicar a escalabilidade para outros países. Por fim, o financiamento também é um problema para algumas startups. Em alguns casos há falta de investidores, e em outras regiões não há um aproveitamento adequado dos investimentos disponíveis.

Principais conclusões para empresas médicas

Fica claro que as inovações médicas e startups de tecnologia de saúde já são uma realidade na América Latina, e essa tendência só aumentará nos próximos anos. Como fornecedor da região, você pode aproveitar essas tendências mirando no futuro e procurando oportunidades para se associar a empresas que estão ampliando o acesso aos cuidados de saúde por meio de serviços digitais.

Se há plataformas proporcionando mais acesso a telemedicina, receitas médicas, terapias digitais e outras inovações, ser inovador pode ajudar a sua empresa a crescer junto com essas startups. Se os seus serviços se concentram principalmente em hospitais e clínicas, talvez existam maneiras de incluir o que você oferece na onda de serviços digitais de saúde que não para de crescer na região.

Próximos passos

Entre em contato com a GHI para saber mais sobre as tendências de inovação e das startups de tecnologia médica e seu potencial impacto no setor de saúde da América Latina. Nossa equipe de pesquisadores pode oferecer as análises estratégicas de que você precisa para ter as informações necessárias para tomar decisões estratégicas no seu setor.

 

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