O cenário atual do mercado de saúde brasileiro e um panorama para o futuro

O mercado de saúde é um setor em constante movimento, acompanhando os acontecimentos do mundo, seja em inovação e tecnologia, seja para lidar com novas doenças e epidemias e resolver desafios de acesso. O Brasil é um dos maiores mercados de saúde do mundo – só o seu setor hospitalar ocupa a 8ª posição no ranking mundial e o país é um dos grandes importadores e exportadores de dispositivos médicos do planeta –, mas apresenta um mapa complexo nesse aspecto. Se por um lado, possui um programa de saúde pública que é referência mundial, o Sistema Único de Saúde (SUS), além de profissionais de qualidade e hospitais de ponta, por outro, também enfrenta enormes barreiras, como falta de acesso à saúde de qualidade pelas populações mais vulneráveis, atenção primária pública ineficiente, problemas de gestão na saúde pública e rede privada pouco acessível.

As tendências de tecnologia, inovação e serviços mais recentes buscam responder a esses desafios e, ao mesmo tempo, trazer soluções para tornar nossos hospitais, centros cirúrgicos e laboratórios ainda mais eficientes e completos e garantir um atendimento rápido, acessível, de excelência e focado na prevenção.

A seguir, vamos navegar por alguns dos principais pontos do cenário atual do mercado de saúde brasileiro. Confira:

SAÚDE DIGITAL: PRESENTE E FUTURO

As ferramentas digitais fazem cada vez mais parte do setor de saúde, democratizando e ampliando o acesso. Entre as inovações, se destacam o uso da Inteligência Artificial e ferramentas como telemedicina, prontuários eletrônicos e softwares de gestão hospitalar, além de, claro, equipamentos de diagnóstico, cirurgia e terapias de última geração, contribuindo para desfechos bem-sucedidos e pós-operatórios mais rápidos e tranquilos.

Telemedicina: atendimento de qualidade à distância

Ainda que não seja uma tecnologia totalmente nova, a telemedicina vem ganhando cada vez mais espaço e, principalmente, confiança entre os brasileiros. O formato, que ampliou bastante o atendimento na atenção primária e promoveu acesso a muito mais pacientes, sobretudo durante a pandemia de Covid-19, foi definitivamente incorporado ao setor em 2022, quando foi sancionada a lei que regulamenta a telemedicina no país. Este foi um marco regulatório fundamental que possibilitou o avanço rápido da modalidade. De acordo com a Fenasaúde (Federação Nacional de Saúde Suplementar), em 2023, foram 30 milhões de teleatendimentos, um aumento de 172% em comparação ao ano anterior.

Em 2024, o governo federal já investiu centenas de milhões de reais para novos projetos de saúde digital, aumentando ainda mais o escopo da telemedicina. Uma dessas iniciativas é o SUS Digital, cuja missão é garantir o acesso igualitário à toda a população dependente da rede pública, indo além da telemedicina e abordando a telessaúde, um conjunto de ações mais abrangente do que o atendimento clínico, com foco em educação, conscientização e outras atividades.

Healthtechs: um passo essencial

Cada vez mais fundamentais no ecossistema de saúde, as healthtechs – startups de tecnologia voltada à saúde – oferecem uma série de inovações que revolucionam a experiência do paciente e a integração entre as diversas pontas de um atendimento, como laboratórios, hospitais e especialistas.

De acordo com um levantamento da Liga Ventures e da Unimed Fesp, o Brasil soma, atualmente, mais de 530 healthtechs, com serviços e produtos oferecidos em diferentes frentes: gestão de processos e planos, plataformas de bem-estar e soluções para agilizar o atendimento e permitir a integração dos dados do paciente, como agendamentos de consultas e exames, diagnósticos, inteligência de dados, prontuário, prescrição e triagem, entre outras.

E um movimento interessante nesse mercado é que, se inicialmente, os fundadores das startups de saúde eram investidores e empreendedores de olho no setor aquecido, hoje vemos mais e mais especialistas da área da saúde empreendendo no meio, o que traz uma evolução muito positiva, aliando conhecimento técnico à tecnologia e respondendo a desafios do dia a dia desses profissionais.

Inteligência Artificial: novos horizontes

Tecnologia em crescimento acelerado, a Inteligência Artificial (IA) oferece inúmeras possibilidades para o setor de saúde. Como inovação recente, a IA ainda apresenta limitações, mas já contribui com precisão e eficiência em atendimento e diagnósticos. E este parece ser só o começo. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a ferramenta tem grande potencial para melhorar a prestação de serviços de saúde pública e privada em todo o mundo, seja no atendimento clínico e cirúrgico, seja na área de pesquisa e desenvolvimento, apoiando predições epidemiológicas, desenvolvimento de medicamentos e tratamentos, vigilância de doenças crônicas e epidemias sazonais e gestão de sistemas.

Outra discussão importante acerca da IA é a possibilidade de oferecer mais autonomia ao paciente, capacitando as pessoas a realizar seus próprios cuidados. Nesse sentido, a ferramenta ainda suscita muitos debates sobre regulamentação e ética, principalmente relacionada à privacidade e segurança dos dados e à responsabilização sobre as possíveis respostas e soluções que a máquina oferece.

 


 

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OS DESAFIOS E AS OPORTUNIDADES DO SETOR

Como dissemos no início deste texto, o mercado de saúde brasileiro é um mapa complexo, apresentando imensos desafios – no entanto, muitas vezes, esses desafios também podem representar cenários favoráveis para evolução e expansão do setor. Alguns exemplos:

Acesso à saúde de qualidade

Embora, como já falamos, o SUS seja referência mundial em saúde pública, o setor sofre com as longas filas, precariedade na atenção primária, gestão ineficiente, falta de recursos e insumos e escassez de profissionais de saúde qualificados. Hoje, para minimizar a sobrecarga no sistema público, temos soluções da saúde suplementar que respondem a uma importante deficiência do setor privado: a dificuldade de acesso da população de baixa renda a planos de saúde. Hoje, o mercado disponibiliza produtos flexíveis para pessoas físicas e microempreendedores, com valores mais acessíveis e compatíveis com a realidade dessa população. São inovações que vão desde planos modulares a clínicas e laboratórios populares. De olho no crescimento da classe média, essas modalidades também investem na evolução desse paciente dentro do seu ecossistema, agregando mais produtos e serviços à medida que sua condição de vida melhora.

Envelhecimento da população

Outro tópico importante e que está na mira do setor é o envelhecimento da população brasileira. Segundo dados do Ministério da Saúde, em 2016, o Brasil tinha a quinta maior população idosa do mundo, e a projeção é de que, em 2030, o número de idosos ultrapasse o total de crianças entre zero e 14 anos. Se isso significa uma possível sobrecarga no sistema público e um déficit de contribuição para o governo, sob uma ótica diferente, estamos falando do aumento da demanda por serviços de saúde – e não só para tratar doenças, mas com foco em prevenção, longevidade e qualidade de vida. Hoje, já existem produtos, como planos de saúde, pensados exclusivamente para a população idosa. A tendência é que o mercado passe a oferecer mais soluções diferenciadas, não apenas para aqueles que já chegaram à velhice, mas também para pacientes mais jovens que querem se cuidar desde cedo para garantir um futuro mais saudável.

Sustentabilidade no meio médico e hospitalar

Diante da crise climática que estamos vivendo, não há como falar de saúde sem mencionar seus impactos no meio ambiente e discutir ideias e soluções para mitigar esses efeitos nocivos. De acordo com um dado divulgado no portal Saúde Business, se o setor de saúde fosse um país, ele seria o quinto maior responsável pelas emissões de CO2 no mundo. São cada vez mais urgentes as discussões sobre uso de materiais biodegradáveis ou reutilizáveis, parcerias com redes de reciclagem, investimento em tecnologia para atendimentos mais eficientes e completos à distância, adoção de fontes de energia limpa, redução no consumo de água e na geração de resíduos, campanhas de engajamento para funcionários e pacientes, entre outras soluções que visam diminuir a pegada de carbono sem afetar a sustentabilidade financeira das instituições.

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Em suma, o mercado de saúde brasileiro está em um momento de transformação, enfrentando desafios complexos enquanto se adapta a inovações e novas demandas. Embora o SUS seja uma referência global, as lacunas no acesso à saúde de qualidade e a escassez de profissionais revelam a urgência de reformas. As tendências emergentes, como a telemedicina, a inteligência artificial e o surgimento de healthtechs, oferecem oportunidades valiosas para melhorar a eficiência e a acessibilidade dos serviços de saúde. Além disso, o envelhecimento da população e a necessidade de práticas sustentáveis colocam o setor diante de novas responsabilidades. Ao abordar essas questões interconectadas, o Brasil tem o potencial de não apenas fortalecer seu sistema de saúde, mas também se tornar um líder na inovação e no cuidado centrado no paciente, garantindo um futuro mais saudável para todos.

Próximos passos

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