A rápida expansão dos produtos médicos chineses nos mercados latino-americanos

Por Guillaume Corpart

Não há dúvidas de que, quando se trata de importações médicas no mercado de saúde da América Latina, um dos maiores protagonistas da atualidade, principalmente desde a pandemia de Covid-19 que eclodiu em 2020, é a Ásia como um todo e, mais especificamente, a China. Em um artigo anterior, analisamos detalhadamente o aumento da presença das empresas asiáticas.

Há outro aspecto, porém, que também merece ser examinado mais a fundo: os produtos médicos que representam o maior crescimento para os fabricantes chineses de equipamentos médicos. Os aparelhos ortopédicos, em particular, parecem estar crescendo de forma significativa, mas estão longe de ser o único mercado de dispositivos e suprimentos que vale a pena ficar de olho.

Como chegamos até aqui

As importações médicas asiáticas fazem parte do mercado de saúde latino-americano há anos, mas o rápido crescimento observado nos últimos tempos começou mesmo com a pandemia de Covid-19. A consequência foi que o mundo médico entrou em estado de alerta e precisou lutar para obter recursos, equipamentos de proteção individual (EPI) e produtos médicos.

Com os profissionais de saúde buscando maneiras de suprir suas necessidades, as cadeias de suprimentos se diversificaram e começaram a procurar novos fornecedores em mercados estrangeiros para obter toda a sorte de produtos. Os fabricantes chineses responderam ao desafio, fabricando equipamentos em velocidades vertiginosas a custos reduzidos.

Paralelamente ao aumento da demanda por EPI e das necessidades específicas relacionadas à pandemia, o mercado de dispositivos e equipamentos médicos também crescia a passos largos. Em termos gerais, entre 2018 e 2023, as importações de dispositivos e equipamentos médicos chineses na América Latina registraram aumento de 27% em unidades totais e 39% em valor total. A China é um grande protagonista no mercado latino-americano, já que mais da metade de todos os insumos médicos importados pelo Brasil, Colômbia e Chile atualmente vem da nação asiática (ver o gráfico abaixo).

Recentemente, observamos outra tendência nas importações chinesas além de seu rápido crescimento na região. Se antes os produtos chineses costumavam ser alternativas mais acessíveis a outros produtos médicos, agora eles estão subindo na escala de valor. Muitos já podem ser considerados produtos baseados em valor e não simplesmente produtos de baixo custo. Também estamos testemunhando o surgimento de inovadoras empresas de tecnologia chinesas que podem competir de frente com outras marcas globais.

Aumento das importações chinesas em valor e unidades (2018-2023)

Uma análise mais detalhada dos números

Apesar da rápida expansão dos produtos chineses na região, a taxa de crescimento varia entre os mercados e de acordo com o tipo de produto. Os produtos chineses já têm grande aceitação no Chile, Colômbia e Brasil e seguem ampliando sua presença nesses países.

Outros países, porém, não foram tão afetados pela entrada de suprimentos médicos chineses. É o caso do Peru e do México, que conseguiram manter suas taxas de importações chinesas relativamente baixas em comparação com outros países da região. A tabela abaixo apresenta uma análise detalhada do crescimento dos produtos chineses nos maiores países latino-americanos no período de 2018 a 2023.

Importações chinesas por categoria de produto

A China também ampliou significativamente sua participação em determinadas categorias de produtos. As áreas que registraram o maior crescimento desde 2018 são:

  • Máquinas e aparelhos para filtrar ou depurar líquidos, como centrífugas e máquinas de filtragem. Os principais importadores incluem, entre outros, Baxter, Nipro e Fresenius.
  • Aparelhos ortopédicos, como implantes ortopédicos, aparelhos auditivos, stents, cateteres, marcapassos e próteses de membros e articulações. Os principais importadores incluem, entre outros, Medtronic, Edwards Lifesciences, Smith & Nephew, Johnson & Johnson, Biomet, Boston Scientific e Alcon.
  • Aparelhos de raios X e aparelhos que utilizem radiações alfa, beta, gama ou outras radiações ionizantes, como equipamentos de raios X, tomógrafos e sistemas de ressonância magnética. Os principais importadores incluem, entre outros, Siemens Healthineers, Philips e GE Healthcare.

Principais conclusões para fornecedores

Em suma, podemos esperar o crescimento contínuo dos produtos chineses na América Latina, assim como a expansão das importações de outras categorias de produtos provenientes da China nos próximos anos. Nesse cenário, fabricantes de dispositivos e equipamentos médicos já consolidados precisam encontrar maneiras inovadoras de competir com esses novos concorrentes.

Para diferenciar seus produtos dos concorrentes chineses, uma estratégia importante é focar em elementos específicos que os produtos chineses podem não ter, como, por exemplo:

  • Logística
  • Garantia
  • Peças de reposição
  • Diversificação do portfólio
  • Evidências clínicas sobre resultados e confiabilidade
  • Certificações médicas

Produtos e dispositivos de alta qualidade que se concentrem nesses elementos essenciais podem oferecer à sua empresa uma importante vantagem que pode limitar o impacto de novos concorrentes no mercado. No entanto, é fundamental agir rápido, antes que esses atores se estabeleçam no mercado.

Para mais informações

Entre em contato com a GHI para obter uma análise detalhada da sua categoria de produto e conhecer o tamanho do mercado e as tendências de participação de mercado por produto.

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