Turismo médico no brasil: uma tendência que só cresce

Milhões de pessoas viajam ao país todos os anos em busca de cirurgias e cuidados médicos, por seu alto padrão de atendimento e custos mais baixos do que em regiões como Europa e América do Norte

Mariana Romero Roy

Voltado para viajantes que buscam tratamento médico – aliado ou não ao lazer – em outras partes do mundo, o turismo médico, ou turismo de saúde, cresce em um ritmo impressionante: estima-se que, a cada ano, o setor apresente uma expansão de 15% a 25%, de acordo com a Associação de Turismo Médico dos Estados Unidos. De check-ups completos a tratamentos e cirurgias, esses pacientes são atraídos pelos tratamentos de alto padrão a custos mais baixos do que em mercados como Estados Unidos e Europa.

Só na América Latina, em 2022, esse mercado foi estimado em US$7 bilhões – e as projeções são de que, até 2027, ultrapasse os US$17 bi. Importante destacar que, na região, o Brasil é um dos líderes do turismo médico, atraindo viajantes da América do Norte, Europa e, inclusive, de outros países latino-americanos.

Embora o país seja procurado por sua excelência em diversas especialidades – cirurgia bariátrica, odontologia e ortopedia sendo algumas delas –, os procedimentos estéticos, cujo setor brasileiro é referência mundial, puxam os números para cima: o Brasil é o segundo país que mais realiza cirurgias estéticas no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, segundo dados da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS).

Mas não é só: outros diferenciais alavancam o potencial brasileiro para o turismo médico, como, por exemplo, um mercado de saúde cada vez mais qualificado, avançado tecnologicamente e em franco crescimento – de acordo com a empresa de pesquisa Insights10, até 2030, o mercado de saúde brasileiro deve chegar a US$13 bilhões. Além disso, o Brasil foi o segundo país do mundo, depois dos Estados Unidos, a conquistar para os seus centros médicos o credenciamento da Joint Commission International (JCI), que garante os mais altos padrões internacionais de qualidade e segurança. Hoje, mais de 50 centros médicos brasileiros contam com essa certificação.

Maiores polos de turismo médico no brasil

Dentro do país, São Paulo se destaca como o maior polo de turismo de saúde, concentrando mais de 34% das cirurgias plásticas – sendo 60% delas só na capital –, de acordo com a Gallup Organization. Além da vasta oferta de centros médicos, São Paulo também oferece uma ampla diversidade de hospedagens, serviços e opções de lazer, somada ainda a feiras e congressos, atraindo turistas de todo o mundo.

Atrás da metrópole, está Pernambuco e, principalmente, sua capital Recife, como segundo maior polo de turismo médico no Brasil, concentrando mais de dois mil centros de saúde. De acordo com o Setor de Pesquisas da Secretaria de Turismo e Lazer de Pernambuco, em 2022, mais de 120 mil turistas foram a Recife em busca de tratamentos médicos. Algumas das razões por trás da popularidade pernambucana no turismo médico são a excelência médica, os custos mais baixos do que os de São Paulo e o próprio estado como destino turístico por suas belas praias, atraindo estrangeiros interessados em aliar os cuidados médicos ao lazer.

Além de São Paulo e Recife, outras capitais que atraem turistas de saúde no Brasil são Rio de Janeiro, Curitiba e Porto Alegre – regiões que também concentram serviços médicos de qualidade e infraestrutura turística robusta.

Um novo mercado

O aumento da busca por tratamentos e cirurgias em solo brasileiro também abriu as portas para novos serviços complementares especializados, principalmente considerando a longa permanência desses viajantes – de, em média, 3 semanas. Pacientes de todo o mundo encontram, principalmente nas maiores capitais, como São Paulo, soluções como home e hotel care – que oferecem hospedagem personalizada –, transporte, acompanhamento nutricional, agendamento de exames, reservas em restaurantes e até serviços de tradutor e intérprete para os turistas que não falam português.

Esta demanda cria oportunidades para diversos outros setores – de hotelaria especializada para garantir os cuidados necessários e agências de turismo a mercados especializados, como o farmacêutico, o de equipamento médicos e o de serviços assistenciais, abrindo espaço para que profissionais como cuidadores e enfermeiros se especializem nesse nicho.

No entanto, para que o Brasil possa aproveitar plenamente o potencial do turismo médico e, assim, prosperar nos demais setores direta ou indiretamente relacionados, é preciso que os órgãos de Turismo no país olhem de forma mais cuidadosa para esse mercado – que, diferente do que acontece em países concorrentes de peso, como Índia, Malásia e Tailândia, não está entre as prioridades de investimentos do setor.

Nesse sentido, a mobilização dos órgãos públicos e privados é essencial para conectar os mais diversos agentes que atuam ou têm potencial de atuar no turismo médico brasileiro, criando cada vez mais oportunidades e serviços de alta qualidade, acompanhando a excelência médica nacional.

Próximos passos

Entre em contato com a GHI para saber mais sobre as tendências do setor de saúde e seu impacto potencial no segmento de equipamentos e dispositivos médicos na América Latina. Nossa equipe de pesquisadores está pronta para oferecer as análises estratégicas de que a sua empresa necessita para obter insights valiosos e orientar a tomada de decisões estratégicas em seus mercados.

Recent Posts

Quer se manter informado sobre as principais notícias de saúde na América Latina?

Inscrever-se para o GHI Newsletter

Contact Us

Please feel free to contact us at any time. Send us an email and we'll get back to you, asap.

Não pode ser lido? Editar texto captcha txt

Start typing and press Enter to search