Saúde do idoso: a ascensão da medicina geriátrica na América Latina
Por Mariana Romero Roy
O envelhecimento populacional é uma preocupação global que ultrapassa as fronteiras da América Latina. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde, o percentual de pessoas com mais de 60 anos no planeta praticamente dobrará entre 2015 e 2050, passando de 12% para 22%. Além disso, 80% dos idosos estarão vivendo em países de renda baixa ou média em 2050.
População idosa na América Latina
Na América Latina, as questões relacionadas ao envelhecimento populacional são ainda mais acentuadas. A taxa de envelhecimento na região é uma das que mais cresce no mundo. Calcula-se que o percentual de pessoas com mais de 65 anos aumentará de 9% em 2019 para 18% em 2050. Até 2030, haverá na América Latina mais pessoas com mais de 60 anos do que crianças com menos de 5 anos.
As realidades econômicas, financeiras e culturais também impõem desafios adicionais ao cuidado dos idosos na América Latina. Em primeiro lugar, a inconsistência na qualidade do cuidado oferecido na região impede que os países latino-americanos estejam preparados para atender às necessidades do crescente número de pacientes idosos.
Além disso, uma quantidade significativa da população local com mais de 65 anos pode ser classificada como “funcionalmente dependente”, pois exigem a ajuda de outra pessoa para suas tarefas diárias. As projeções indicam que o número de pessoas funcionalmente dependentes aumentará em toda a região até 2050. O gráfico abaixo apresenta um detalhamento por país:
Um ônus para a família
Nas sociedades e na cultura latino-americanas, a tarefa de cuidar de idosos geralmente recai sobre os integrantes mais jovens da família, e não sobre profissionais contratados. Isso tem o potencial de impor um enorme ônus sobre as comunidades, que ultrapassa o cuidado de idosos e o sistema de saúde, alcançando também amigos e familiares.
Disparidades no cuidado de idosos na América Latina
Evidentemente, embora seja difícil para todos os países da América Latina e do mundo todo cuidar do envelhecimento de seus habitantes, alguns países enfrentam desafios maiores. Uma análise realizada pelo BID em 2022 constatou que melhorias na aposentadoria, no atendimento de saúde e nos sistemas de cuidados de longo prazo impactam diretamente a qualidade de vida em algumas nações latino-americanas, em comparação com outras.
Pessoas com mais de 65 anos em países como Panamá, Brasil, Chile, Costa Rica e Argentina, por exemplo, podem viver por mais tempo, com “melhor qualidade de vida”, que habitantes da Venezuela, Honduras e Nicarágua. Consulte a tabela do índice de qualidade de vida abaixo para ver mais informações.
Como os países estão se adaptando
Uma análise mais minuciosa desses números revela os países que estão se adaptando bem ao envelhecimento da população, quando comparados a outros que precisam melhorar. Chile e Costa Rica, por exemplo, apresentam bons resultados no índice de qualidade de vida porque oferecem acesso a bons serviços de saúde. Em vários países da América Latina o acesso e a qualidade são insuficientes e irregulares.
Os serviços de saúde de longo prazo também precisam ser aprimorados para acompanhar o envelhecimento da população. Baixa cobertura, qualidade deficiente, regulamentação insuficiente e mecanismos de controle fracos são problemas comuns em toda a região. Argentina e Costa Rica se sobressaem como países com bom índice de qualidade de vida pela cobertura relativamente alta que oferecem a quem precisa de cuidados de longo prazo.
Possíveis soluções
As respostas aos desafios enfrentados pela América Latina no cuidado da saúde de seus idosos não surgirão de um dia para o outro. Existem, porém, várias estratégias, grandes e pequenas, que podem fazer a diferença na preparação dos países para a adoção de um serviço adequado de atenção à saúde de sua futura população idosa. Na verdade, alguns países já estão colhendo bons frutos nessa área. Um dos exemplos é o Uruguai.
A mudança começou a acontecer em 2015, com a implementação de um Sistema Nacional de Saúde Integrada. O objetivo do sistema universal de saúde é proporcionar amplo atendimento a todos, independentemente de onde moram e de quanto ganham. Atenção especial foi dedicada ao cuidado de longo prazo de idosos, ao apoio aos cuidadores da família e à assistência a pessoas com deficiência e crianças. Foram criados programas de telemedicina e de cuidados domiciliares e centros comunitários para pessoas com deficiência leve ou moderada. O Uruguai serve de modelo para outros países da América Latina que querem começar a cuidar das necessidades de seus idosos.
Um artigo publicado em 2022 pela Sociedade Britânica de Geriatria identificou diversos outros requisitos para melhorar o cuidado e a qualidade de vida da população idosa da América Latina nos próximos anos. Os autores identificaram os seguintes pontos de foco:
- Treinamento adequado para profissionais de saúde
- Eliminação de desigualdades e disparidades no cuidado com base na classe social
- Cuidados paliativos e de fim de vida mais aprimorados
- Educação e ênfase no envelhecimento saudável
- Cuidado integrado e centrado no paciente
É claro, estamos falando de objetivos grandiosos que exigirão esforço significativo, mas que serão essenciais para promover a saúde e o bem-estar de todos os latino-americanos nos próximos anos.
Principais conclusões para empresas da área de saúde
Representantes farmacêuticos, fornecedores de equipamentos e outros atores do mercado de saúde da América Latina agora têm a oportunidade de fazer parte da solução aos desafios do envelhecimento populacional, com a oferta de equipamentos e serviços que serão vitais para o cuidado da saúde. O foco no mercado de atendimento domiciliar será fundamental para essa população e seus cuidadores, o que inclui equipamentos de diagnóstico e monitoramento, como monitores de pressão arterial e sensores de glicose, além de produtos essenciais para cuidados paliativos, terapia domiciliar e muito mais.
Nos hospitais, serviços de diagnóstico de última geração também serão importantíssimos para a população que envelhece. A GHI identificou equipamentos como sistemas de angiografia, tomógrafos computadorizados, eletrocardiógrafos, sistemas de endoscopia, fluoroscópios, câmaras gama, aparelhos de ressonância magnética e mamógrafos como as principais áreas de crescimento nos próximos anos. Os equipamentos de anestesia também devem crescer acentuadamente em toda a América Latina.
Além das tecnologias médicas de ponta, também terão alta demanda no futuro próximo os equipamentos de cuidado prático destinados a idosos, como cadeiras de rodas, andadores, bengalas, muletas, mesas cirúrgicas, macas para fisioterapia, aparelhos CPAP e muito mais.
Próximos passos
Entre em contato com a GHI para saber mais sobre as tendências nos cuidados de saúde e seu potencial impacto no setor de aparelhos e equipamentos médicos na América Latina. Nossa equipe de pesquisadores pode oferecer as análises estratégicas de que você precisa para ter as informações necessárias para tomar decisões estratégicas no seu setor.