FOCO HOSPITALAR: Hospital Barros Luco Trudeau: em busca de uma atenção à saúde focada nos indivíduos
Por Daniela Chueke Perles
Em entrevista exclusiva concedida à equipe do HospiRank, o engenheiro biomédico Cristián Rojas – diretor da Unidade de Equipamentos Médicos do Hospital Barros Luco Trudeau – afirma que, superados os enormes desafios da pandemia (que deixaram um saldo positivo em termos de inovação tecnológica, renovação e atualização de equipamentos hospitalares e aprimoramento dos processos decisórios), a instituição, que é financiada pelo Ministério da Saúde do Chile, atualmente atende a uma população de quase 1,3 milhão de pessoas e tem como preocupação central a busca da excelência na atenção ao paciente.
Depois de mais de três longos anos enfrentando a pandemia de Covid-19, o senhor acredita que a situação para os hospitais finalmente está melhor? Por quê?
Em matéria de equipamentos hospitalares, a pandemia acabou se revelando uma ótima oportunidade de crescimento tecnológico: graças a um exitoso processo de conversão de leitos, nossa Unidade de Terapia Intensiva (UTI) passou de 31 leitos antes da pandemia para 111 leitos no pico da emergência sanitária. Na Unidade de Cuidados Intermediários (UCI), a expansão foi de 48 para 73 leitos.
Nesse contexto, a colaboração entre a administração do hospital, o Serviço de Saúde Metropolitano Sul e o Ministério da Saúde viabilizou muitas inovações tecnológicas, com a aquisição de novos equipamentos que nos permitiram atender à demanda de pacientes com sintomas graves de Covid-19. A maior parte dos equipamentos recebidos pelo hospital entre 2020 e 2021 se destinava ao atendimento de pacientes hospitalizados em condição crítica.
Antes da pandemia, dispúnhamos de 30 ventiladores mecânicos invasivos; agora são 130. O hospital recebeu ventiladores mecânicos invasivos e não invasivos, camas hospitalares elétricas, monitores de sinais vitais de alta e média complexidade e cânulas nasais de alto fluxo. Foi uma oportunidade para que renovássemos e modernizássemos equipamentos obsoletos, substituindo-os por aparelhos de última geração em diversas especialidades.
Também otimizamos vários processos administrativos, inclusive com a formação de um comitê de Covid-19, que se reunia semanalmente e tomava decisões com base em dados da vigilância epidemiológica. Foram criados comitês de trabalho para supervisionar a atenção ao paciente no contexto da pandemia, demos início a um inédito e bem-sucedido processo interno de vacinação e promovemos o uso de equipamentos de proteção individual em nossa equipe.
A cultura do autocuidado não estava tão enraizada anteriormente e, entre os funcionários que não tinham contato direto com os pacientes, não havia um uso generalizado de máscaras e luvas e a preocupação com a higienização das mãos. Hoje seguimos trabalhando em conformidade com esses padrões.
Superadas as adversidades da pandemia, qual é o maior desafio que o hospital tem pela frente?
No momento, nossos esforços estão centrados na reativação e recuperação dos tratamentos que precisaram ser postergados durante as primeiras ondas da pandemia. Outros desafios são o cuidado com a equipe de funcionários do hospital, a busca de uma atenção à saúde focada nos indivíduos e o fortalecimento institucional.
Há aquisições planejadas para o futuro próximo de novos equipamentos particularmente interessantes?
No ano passado, instalamos um scanner novo em nosso pronto-socorro, para melhorar o fluxo de pacientes e poder tratar os indivíduos que chegam ao setor com sintomas respiratórios. Agora, após um investimento de mais de 1,2 bilhão de pesos, adquirimos três torres de endoscopia com tecnologia CAD EYE, o que significa que, ao realizar colonoscopias, temos condições de, entre outras coisas, detectar e localizar com precisão lesões que têm alta probabilidade de gerar tumores malignos. Conforme certificado emitido pelo fornecedor, somos o primeiro centro da América Latina a contar com essa tecnologia de inteligência artificial. Estamos avaliando a incorporação de mais torres e a integração do exame de endoscopia com a rede de prontuários médicos eletrônicos.
Além disso, planejamos adquirir equipamentos de anatomia patológica, de diagnóstico por imagem, de ecocardiografia e de ultrassonografia obstétrica.
Quais são os principais fatores que levam os hospitais a adquirir novos equipamentos médicos?
As aquisições são realizadas por meio de licitações públicas, com participação de todas as empresas e com a decisão sendo tomada com base em diversos fatores: preço, prazo de entrega e cumprimento de especificações técnicas.
Nossa prioridade, pensando nos indivíduos, é ter os melhores equipamentos, o que nos leva a priorizar fornecedores que cumprem as especificações técnicas, dispõem de engenheiros capacitados e treinados em fábrica para prestar serviços de manutenção e que contem com representantes locais autorizados, com acesso a peças originais.